De 3,5 milhões a 4 milhões de bicicletas devem sair das linhas de montagem de todas as marcas este ano no Brasil. Somente na Zona Franca de Manaus, onde estão concentradas quatro das principais indústrias do ramo, a produção está estimada em 987 mil unidades, segundo a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) – alta de 7,3% em relação ao total de 919 mil fabricadas no ano passado. Essa estrada livre para as duas rodas embala a japonesa Shimano. Líder mundial na fabricação de componentes para as ‘magrelas’, a empresa celebra a expansão da marca no mercado nacional, enquanto planeja as comemorações para o centenário, em fevereiro de 2021. “Posso dizer que na América Latina nossas vendas aumentaram em cinco vezes desde 2007. No Brasil, foram oito vezes”, diz Fabio Takayanagi, presidente da Shimano na América Latina e vice de Administração de Vendas e Produção das fábricas no mundo.

Com a experiência e ousadia de quem desenvolveu a subsidiária do Brasil em um quarto de hotel de São Paulo, em 2007, o executivo aposta no incremento dos negócios na América Latina. Além da sede brasileira, a companhia tem escritórios na Argentina e no Uruguai. O faturamento na região em 2019 não foi informado. A receita bruta mundial foi de US$ 3,4 bilhões (R$ 16 bilhões pela cotação de terça-feira, 10), com lucro operacional de US$ 640 milhões (R$ 3 bilhões).

PORTFÓLIO: Empresa asiática produz equipamentos para bicicletas das categorias estrada, mountain bike e passeio, além de quatro modelos elétricos. (Crédito:Divulgação)

A Shimano global está sediada em Sakai, no Japão. Possui 50 subsidiárias em 29 países, além de 15 fábricas em 14 cidades pelo mundo, com total de 11 mil funcionários. O ciclismo movimenta 79% da produção – o restante está direcionado à pesca, segmento no qual a empresa também é líder mundial. Saem das plantas rodas, correntes, freios, câmbios, pedais, entre outros equipamentos voltados a bicicletas das categorias estrada, mountain bike e passeio – há também quatro opções elétricas. Vestimentas (roupas, luvas, meias e sapatilhas), acessórios (óculos, bolsas e mochilas) e capacetes também integram a gama de produtos feitos pela empresa, que, no Brasil, aposta no Shimano Fest para divulgar as novidades.

Promovido anualmente em São Paulo, o festival tem a 11ª edição prevista para o período de 20 a 23 de agosto. A expectativa do presidente é a de que 50 mil pessoas prestigiem os estandes no Memorial da América Latina. No ano passado, 40 mil acompanharam as 75 atrações e testaram 130 modelos. A Shimano Fest atraiu 220 marcas, além de 7 mil lojistas. Total de negócios chegou a R$ 35 milhões. “É a época de lançamentos das montadoras”, afirma Takayanagi, que promete edição especial em 2021 em comemoração aos 100 anos de fundação da Shimano. “Começamos a contagem regressiva em todos os escritórios e fábricas e estamos preparando algumas surpresas.”

A excelência dos produtos e nos atendimentos a parceiros e clientes é uma das razões apontadas pelo executivo para o crescimento da marca. A empresa investe na capacitação dos profissionais com centenas de treinamentos durante o ano. Os mecânicos são atualizados sobre as novas tecnologias, e a rede de distribuição também recebe atenção especial. Entre os projetos está a campanha Sempre Shimano, a ser lançada neste mês. O objetivo é qualificar as bicicletas que utilizam componentes da marca com selos prata e ouro, o que serviria de referência e garantia ao consumidor na hora de adquirir um modelo. O foco está nas ‘magrelas’ consideradas de entrada, com valor entre R$ 900 e R$ 3.500.

Fornecedora exclusiva de equipamentos às equipes de ciclismo em Jogos Olímpicos desde Atenas-2004, a Shimano tem presença confirmada na edição Tóquio-2020, apesar da ameaça de suspensão da competição em razão do surto de coronavírus pelo planeta. Quatro fábricas da companhia ficam na China, epicentro da doença. Algumas delas fecharam as portas por um período, mas já retomaram as atividades. “A produção no país foi muito afetada, porém é prematuro dizer qual será o impacto na cadeia e no faturamento no ano.” A China é a maior produtora de bicicletas no mundo com 50 milhões de unidades, das quais 8 milhões são utilizadas no mercado local e o restante, exportado. São comercializadas anualmente 80 milhões pelo mundo.

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CONFIANÇA Para Cyro Gazola, vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, os investimentos em tecnologia e a oferta de produtos de maior valor agregado deverão alavancar ainda mais as vendas no Brasil. “Os modelos nacionais têm o mesmo nível de qualidade das marcas globais, mas a preços mais acessíveis, o que atrai cada vez mais os consumidores.” O País possui frota de cerca de 70 milhões de unidades.