23/03/2005 - 7:00
Listas de casamento, sabemos todos, são complicadas. É um estorvo para os noivos e um desconforto para quem vai oferecer presentes. É quase uma regra: a lembrança boa e de preço adequado ao orçamento já foi vendida, sempre. Se é assim com os plebeus, imagine entre a turma de sangue azul. Charles e Camila Parkers-Bowles casam-se no próximo dia 8 de abril nas cercanias de Londres. Muito já se falou desta parábola entre amantes que, ao final de história, trocarão alianças. Muita tinta já foi gasta para detalhar o desconforto da Rainha Elizabeth. Mas há um detalhe que tem escapado aos olhos dos curiosos e que pode tornar a cerimônia um evento esquisito. Os ricaços ingleses, aqueles a quem o destino instalou na rede de relações dos Windsor, estão receosos em caprichar nos presentes da segunda núpcias do Príncipe de Gales. Em outros termos: gastaram tanto com o enlace de 1981, de Di e Charles, que agora decidiram fechar as mãos. Não há números oficiais, mas as lojas autorizadas a ostentar o selo real andam pessimistas com o andar da carruagem.
São 800 produtores beneficiados por um selo, o Royal Warrant, garantia que lhes permite negociar presentes para príncipes e princesas. Há de tudo, de sedas a cristais, de saias a sapatos. É uma espécie de quem é quem do luxo no Reino Unido. As primeiras garantias oficiais foram concedidas pelo Rei Henrique II no ano de 1155. Durante os 64 anos do reinado de Vitória, no Século XIX, o selo ganhou prestígio definitivo. Naquele tempo, mais de 2 mil produtores foram beneficiados com o rótulo ? e muitos deles permanecem até hoje na elite dos produtos de luxo. A lista de empresas autorizadas a vender presentes para o Príncipe de Gales tem 168 nomes. Vai de ?A? a ?Y?. Começa com ?AC Cooper?, especializada em ampliação de fotos coloridas, e termina com ?Yardley & Company?, notória pelos produtos de cosmética e saúde femininas. Atenção: a firma não negocia absorventes de rótulo Tampax, que fizeram a fama do relacionamento de Charles e sua então amante, Camilla. Mas, convenhamos, não seria mesmo de bom tom oferecê-los à Duquesa da Cornuália, como passará a ser identificada a noiva consorte.
Brincadeiras deste gênero foram informalmente permitidas porque, diante da saga de Charles e Camilla, apesar de tudo que ela tem de nobre, tornou-se inevitável deflagrar comparações. Logo depois do casamento de Di, a estilista que a vestiu, Elizabeth Emanuel, tornou-se celebridade instantânea. A alfaiataria que costurou o fraque de Charles, a Turnbull & Asser, virou coqueluche européia. Como Midas, tudo que a dupla tocou, transformou-se em ouro. Agora é diferente. Camilla apareceu, recentemente, com um anel de brilhantes oferecido pelo pretendente, e que pertencera à Rainha Mãe. A foto rodou o mundo, mas nada muito espetacular ocorreu no campo do marketing, no avesso do fenômeno Di. Mas, bem que estão tentando. No dia do casamento, 196 lojas da rede ASDA, do grupo Wal-Mart, barateira, colocarão a venda a réplica da peça de prata e zicônio. O preço: plebeus US$ 36. Ok, ok. Os voluntários que desejarem algo mais principesco podem desembolsar US$ 57 mil por uma cópia com diamantes.