Olá, pessoal, tudo bem? É inegável o sucesso do leilão de 12 aeroportos realizado na sexta-feira 15. Com ágio de 986%, o governo federal vai arrecadar R$ 2,38 bilhões em outorgas, além de garantir R$ 3,5 bilhões em investimentos ao longo dos 30 anos de contratos. Os lances foram dados por companhias estrangeiras e nacionais, que enxergam um futuro promissor no nosso mercado. Elas estão certas?

Foram leiloados três blocos, nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. A Suíça Zurich, que já administra os terminais de Confins (MG) e Florianópolis (SC), levou os aeroportos de Vitória (ES) e de Macaé (RJ). A espanhola Aena, que é responsável pelo aeroporto de Barajas, em Madri, vai administrar os terminais de Recife (PE), Aracajú, (SE), Maceió (AL), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (PB).

Já o Consórcio Aeroeste, liderado pela brasileira Socicam (administra o terminal rodoviário do Tietê, em São Paulo), arrematou quatro aeroportos em Mato Grosso (Alta Floresta, Sinop, Cuiabá e Rondonópolis).

Ainda que alguém tente relativizar o sucesso do leilão argumentando que os lances mínimos pudessem estar subestimados, não há como ignorar o enorme apetite dos grandes players internacionais por terminais brasileiros. Quando analisam as próximas três décadas, esses investidores enxergam um mercado interno pujante.

O raciocínio é muito simples. A demanda por voos se dá por empresas (viagens corporativas) e por pessoas físicas (turismo). No primeiro caso, as viagens crescem proporcionalmente ao aumento no volume de negócios. É Produto Interno Bruto (PIB) na veia. Se tem PIB, tem viagem corporativa.

No caso das viagens de turismo, há uma clara relação com a renda das pessoas. Na década passada, a chamada “nova classe média” frequentou aeroportos num contexto de forte expansão da renda das famílias. Para que tal fenômeno se repita, é preciso haver uma melhoria no mercado de trabalho, o que deve acontecer gradativamente. A premissa básica, na minha avaliação, é o êxito do ajuste fiscal. Sem contas públicas em ordem, não há a menor chance de o Brasil dar certo.

Conclui-se, assim, que as companhias que toparam investir no País têm como premissa a recuperação sustentável da economia. Com o perdão do trocadilho, neste caso, não adianta voo de galinha. Os aeroportos só darão lucro se o volume de passageiros crescer constantemente ao longo dos 30 anos de concessão.

O Brasil precisa de investimentos. Os estrangeiros têm dinheiro sobrando no mundo. É só o governo federal executar a boa agenda econômica do ministro Paulo Guedes para que uma chuva de dólares atinja o País. Como já salientei que o ajuste fiscal é fundamental, teremos de encarar o debate da Reforma da Previdência. Mas isso é tema para outro artigo…