Você planeja tirar do papel aquela aventura sensacional rumo a uma montanha gelada, uma cachoeira gigante e inacessível ou a um deserto inóspito? Bacana. O problema: está difícil levantar a verba. Bem-vindo ao clube. Às vésperas de partir para uma nova expedição ao cume do Everest, a maior montanha do mundo, o paranaense Waldemar Niclevicz enfrenta um velho conhecido problema de esportistas de países sem tradição no alpinismo: o patrocínio rarefeito. Inicialmente orçada em US$ 240 mil, a viagem já teve sua previsão de gastos reduzida pela metade. E ainda falta chão para fechar a conta. ?Levantei US$ 60 mil até agora?, diz o alpinista, que começará a expedição em 22 de março. E olha que não se trata de um aventureiro (no pior sentido da palavra).Em 1995, Niclevicz e o carioca Mozart Catão ? que morreria anos depois na Cordilheira dos Andes ? se tornaram os primeiros brasileiros a vencer os 8.848 metros do gigante do Himalaia (daí o nome da nova aventura: ?Dez Anos do Brasil no Everest?). Foi um feito e tanto. Até hoje, 2,2 mil mortais chegaram lá. E apenas um seleto grupo de 60 pessoas escalou os seis picos da Terra com mais de 8 mil metros de altura. Niclevicz faz parte desse time. Se para ele está complicado financiar sua expedição, imagina para quem não tem o nome incrustado na história do alpinismo mundial. ?Se eu não conseguir todos os recursos, vou completar do meu bolso, com o dinheiro que ganho dando palestras?, resigna-se. Ao longo de seus 17 anos de alpinismo profissional, Niclevicz descobriu que relatar suas andanças a empresários e executivos pode ser uma boa maneira de se patrocinar. Ele chega a fazer até quatro palestras por semana, cobrando R$ 10 mil cada. A lista de clientes inclui grandes conglomerados como Alcoa, Bosch, Citibank, Banco do Brasil e Johnson & Johnson. Mas trata-se, é claro, de um privilégio de poucas feras do esporte.

Se você não faz parte desta turma, acompanhe no quadro abaixo as dicas de Niclevicz de como levantar dinheiro para bancar uma expedição. ?É fácil, basta
ter visão estratégica?, brinca ele.

Colaborou Alexandre Teixeira

Dicas da boa aventura
Waldemar Niclevicz aponta quatro caminhos para atrair dinheiro

 

? Escolha um objetivo com apelo comercial. Pero no mucho
?Ninguém patrocina para ajudar o atleta. As empresas querem e merecem retor-
no financeiro. Por outro lado, se o apelo for comercial demais tudo vai por água abaixo. O executivo ou empresário tem que ver nos seus olhos a paixão pelo
esporte, pelo desafio. Se ele achar que sua intenção é só ganhar dinheiro ou ficar famoso, pode esquecer.?

? Combine coma a imprensa antes
?Vender imagens, boletins de rádio ou um diário de bordo para grandes empresas de mídia ajuda muito. O ideal é que tudo possa ser transmitido enquanto a expedição acontece. Fica bem mais fácil levantar recursos se você já tem um contrato desse tipo. Ele dá segurança ao patrocinador.?

? Justifique o custo benefício da expedição
?Foi-se o tempo em que os patrocinadores se contentavam em ver sua logomarca estampada na roupa do atleta. Agora é preciso agregar valor à viagem. Programe bate-papos pela internet com clientes dele. E inclua no pacote palestras para motivar um grupo de diretores da empresa.?

? A aventura tem que ser factível
?Não adianta ir pedir dinheiro para escalar o Aconcágua (teto da América do Sul) sem nunca ter saído do Brasil, sem nunca ter pisado na neve. Não há mais espaço para esse tipo de amadorismo romântico hoje em dia.?