O Parabank, banco digital voltado para o público PCD, acaba de lançar um cartão com uma funcionalidade tátil. O cartão possui um corte em formato de meia-lua em uma das extremidades, desenvolvido pensando na inclusão de pessoas com deficiência visual ao facilitar encontrar dentro da carteira o cartão específico da conta do banco.

O banco foi fundado em 2022 pelo ex-paratleta olímpico Gelson Junior e se anuncia como o primeiro ecossistema financeiro do mundo voltado para pessoas com deficiência. “Nosso foco está em reabilitação”, afirma o CEO do Parabank em entrevista ao site IstoÉ Dinheiro.

A proposta da instituição é facilitar a concessão de crédito para o público PCD e oferecer serviços de maneira mais inteligente e personalizada. No país, segundo o IBGE, há atualmente cerca de 20 milhões de brasileiros PCDs.

“Não nos posicionamos como concorrentes de bancos. Acima de tudo, somos parceiros dos nossos clientes. O ‘bancão’ entende o Gelson PCD como um CPF; ele vai ver meu score, vai ver que tenho capacidade financeira. Mas eu entendo o paciente que está na clínica não como um CPF. Eu quero realmente reabilitar essa pessoa”, diz o CEO do Parabank.

Cartão criado pelo Parabank em parceria com a Visa para facilitar com que deficientes visuais encontrem o cartão pela característica única da meia lua cortada. (Crédito/Divulgação)

Em novembro o Parabank realizou mais de 8 mil aberturas de conta e emitiu 2 mil cartões, um recorde para o banco, que, em parceria com a Dock, oferta linhas de crédito para reabilitação e lançará em dezembro um seguro para próteses.

O Parabank disponibiliza crédito exclusivo para aquisição de próteses e financiamento de tratamentos, além de ofertar um marketplace de venda de itens que vão desde cadeiras de rodas a sondas hospitalares.

O banco lançou também um cartão com caracteres de identificação em braile e tecnologia que permite o pagamento por aproximação (NFC).

CEO do banco é PCD e ex-atleta paralímpico

O CEO e fundador do banco, Gelson Junior, dividiu-se por muitos anos entre as quadras de basquete e as principais instituições financeiras do país, até se aposentar do esporte profissional nos Jogos Paralímpicos de 2016 e se dedicar exclusivamente à criação do Parabank.

“Percebi que era preciso fazer algo por esse público. Parece que a sociedade só se comunica com o PCD na época dos Jogos Paralímpicos, o que é errado. Se você observar países de primeiro mundo, o PCD está no topo da pirâmide”, afirmou Gelson.

Gelson Junior disputou duas Paralimpíadas e tem na carreira um hexacampeão brasileiro e um tetracampeão sul-americano de basquete.

O CEO contou ainda que a ideia inicial era lançar um cartão apenas para compra de produtos de reabilitação. “Seria como um Construcard, um cartão que você só pudesse usar na rede de clínicas”, lembra.

A ideia, no entanto, evoluiu para um arranjo financeiro maior, com conta digital e oferta de linhas de crédito especiais.

Fintech quer alcançar outros países

Antonio Soares, CEO da plataforma de pagamentos Dock, que iniciou parceria com o Parabank neste ano, explicou que a estratégia é levar o banco para outros países onde a empresa já opera.

“Já estamos México, Colômbia e na Argentina. Acreditamos demais em inclusão financeira para a população latina. Nessas horas, nossa parceria se faz necessária, principalmente quando você visa uma expansão geográfica”, contou Soares.

Garoto-propaganda é Jackson Follmann

Para ser a cara do Parabank, o banco escolheu o ex-jogador de futebol Jackson Follmann, um dos poucos sobreviventes do acidente aéreo da Chapecoense em 2016. O goleiro perdeu uma perna e precisou “reaprender” a caminhar com uma prótese.

Gelson Junior contou que Follmann é a “persona” ideal do Parabank. “Ele é um herói, alguém que realmente se superou, que voltou para a sociedade. É alguém em quem as pessoas com deficiência se espelham”, concluiu.