05/07/2006 - 7:00
Elgaire: “Os hóspedes pagam e querem
ser muito bem servidos”
Jean-Claude Elgaire, 64 anos, é o amigo que qualquer pessoa gostaria de ter. Afinal, seu principal lema é nunca dizer não. Mas não se engane. Essa receptividade não se deve somente ao temperamento afável deste senhor de sorriso fácil. Elgaire é o chefe concierge do Plaza Athénée, de Paris, um dos hotéis mais nobres do planeta. Em outras palavras, ele é o responsável por mimar os exigentes hóspedes que chegam a desembolsar 4,6 mil euros por uma única noite. É tarefa difícil tratando-se de servir sobrenomes como Vanderbilt ou Rockefeller. Ao que parece, ele tem conseguido atender as expectativas. Recentemente, Elgaire foi eleito presidente da Associação Internacional de Concierge de Hotel Lês Clefs d?Or, um título ostentado apenas por quem é considerado o melhor do mundo. Como ele chegou lá? ?A primeira regra é não dizer o nome dos hóspedes?, disse Elgaire à DINHEIRO. ?A discrição é uma das minhas mais importantes virtudes?.
Ao que parece, ele tem conseguido atender às expectativas. Recentemente, Elgaire foi eleito presidente da Associação Internacional de Concierge de Hotel Les Clefs d?Or, um título ostentado apenas por quem é considerado o melhor do mundo. Como ele chegou lá? ?A primeira regra é não dizer o nome dos hóspedes?, disse Elgaire à DINHEIRO. ?A discrição é uma das minhas mais importantes virtudes.?
Além dessa qualidade imprescindível para quem transita no jet-set internacional, onde uma palavra pode significar manchetes em revistas e jornais, é necessário ser um pouco psicólogo, entender como os milionários pensam. ?Eles fazem pedidos de acordo com o estilo de vida que levam?, diz. ?Em vez de comprar uma dúzia de flores, pedem mil.? As solicitações mais freqüentes incluem ingressos para eventos e reservas em alguns dos restaurantes mais concorridos da cidade, como o Aux Lyonnais, do renomado chef Alain Ducasse. Em 2005, Elgaire e sua equipe fizeram nada menos do que 22 mil reservas. ?Tenho quase certeza de que consigo qualquer ingresso ou reserva nos restaurantes que quiser?, diz sem modéstia. Só não consegue impedir os pássaros que ficam próximo ao hotel de cantar. ?Alguns clientes acham que é uma gravação e pedem para desligar.? E prossegue. ?Peço desculpas e digo que os pássaros são verdadeiros.? Para não constranger os hóspedes, entretanto, é preciso habilidade. Aliás, é o que ele tem de sobra.
Glamour: uma noite no luxuoso Plaza Athénée (à esq.) com vista para a Torre Eiffel chega a custar até 4,6 mil euros
A carreira desse francês surgiu por acaso. Aos 16 anos, aproveitou as férias do colégio para procurar um emprego temporário. Resultado: o que era para durar três meses já soma 48 anos de serviços prestados. Durante esse tempo, serviu também como cupido. Certa vez, um hóspede lhe pediu que ajudasse a arranjar um bom cenário para pedir a namorada em casamento. Sugeriu, então, um jantar numa suíte com sacada de frente para a torre Eiffel ou um passeio de barco pelo rio Sena. ?Ele não quis nada disso. Preferiu pôr o anel de diamantes em um sorbet de champanhe?, diz. ?Você sabe como são os americanos?, brinca Elgaire revelando o seu lado francês. Não importa o que peçam e a que horas os funcionários são chamados. O truque para agradar é nunca fazer cara feia. ?Os hóspedes pagam, querem ser servidos, e qualquer problema pessoal deve ser escondido?, diz Elgaire. ?Para mim, é como estar em uma peça de teatro. Visto o figurino, coloco a máscara e interpreto por 12 horas.? Bravo, monsieur Elgaire.