Startup virou mais uma daquelas palavras mágicas. Chama a atenção e revela que você está surfando a onda do momento. Já foi assim nos Estados Unidos e vem se consolidando como o grande movimento de inovação no Brasil, especialmente dedicada ao desenvolvimento de soluções de tecnologia.

Elas já foram ignoradas pelas grandes empresas e hoje despertam sentimentos múltiplos, do medo à inveja, passando pela incredulidade. O folclore é alimentado por previsões de pesquisadores que dizem, por exemplo, que mais de 100 empresas da Fortune 500 serão substituídas no final da década por empresas que ainda nem foram criadas.

O fato é que a redução drástica do custo do desenvolvimento de tecnologia somada ao crescimento exponencial da conectividade faz com que empreender no mundo de hoje seja muito mais acessível do que nos tempos de Bill Gates e Steve Jobs. No entanto, há muito, mas muito mais gente nessa corrida – e cada vez mais precoces e preparados.

As grandes empresas ainda se vangloriam de suas poderosas estruturas de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Porém, não há área interna de P&D que seja mais capaz do que os milhares de desenvolvedores espalhados mundo afora em incubadoras, universidades, coworkings ou quartos bagunçados.

As corporações mais ágeis já perceberam que a melhor estratégia é oferecer condições para que se crie um ecossistema de startups em seu entorno e, assim, melhor identificar aquelas capazes de gerar negócios promissores e incorpora-las. No ano passado, o VP de Inovação da Coca-Cola, David Butler, lançou um livro no qual projeta que a nova tendência é a coexistência entre startups e corporações.

Para Butler, a maior habilidade de uma corporação, em essência, é dar escala para a oferta de produtos e serviços. Assim, é lógico que atuem em um estágio seguinte, beneficiando-se da inovação das startups. No Brasil, empresas como Itaú, Google, SAP, Microsoft já identificaram essa tendência e desenvolveram espaços para atrair empreendedores, especialmente no campo da tecnologia.

Mas não somente. A Braskem criou um programa para incentivar inovadores que tragam soluções que melhorem a qualidade de vida por meio do uso do plástico. Surgiram no Braskem Labs desenvolvimentos incríveis como próteses ortopédicas de baixo custo e alta performance. Já a Ford promoveu um hackaton na Campus Party que resultou no sistema de bluetooth que hoje equipa seus carros.

De fato, não há antagonismo entre grandes empresas e startups. Com o avanço da lógica da colaboração, pode-se tirar o melhor proveito das capacidades de todas as organizações e, assim, desenvolver modelos de negócios mais adaptados ao futuro.

As startups têm criatividade, agilidade para adaptar projetos, prototipar, errar e corrigir, ao passo que as grandes companhias têm recursos financeiros e de pessoal, capilaridade para distribuição, marketing, enfim, todas as ferramentas para expandir rapidamente operações. Aqueles que entenderem essa complementariedade e melhor construírem um ambiente de ganha-ganha, deverão estar entre nós no futuro.