As taxas de administração estão cada vez mais pesadas no bolso dos investidores em fundos de renda fixa e DI. Com a queda dos juros e, consequentemente, da rentabilidade desses produtos, o percentual cobrado pelo gestor para tomar as decisões de investimento faz cada vez mais diferença na conta final. Uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), feita em outubro, mostra que a queda dos juros, que começou em agosto, não foi acompanhada por uma redução da fatia cobrada a título de remuneração pelas instituições. Em alguns casos, inclusive, os gestores passaram a cobrar mais pelo serviço. Nas aplicações de até R$ 1 mil em renda fixa, por exemplo, a taxa média subiu de 3,18% ao ano, em 2010, para 3,45%. Nesse caso, até a caderneta de poupança pode ser mais rentável do que os fundos. Para Otto Nogami, professor de economia do Insper, a conta para saber se vale ou não a pena aplicar em um fundo é simples. Ele afirma que taxas acima de 1,5% ao ano não são aceitáveis. Considerando o juro atual de 11,5% ao ano e uma taxa de administração de 4%, o rendimento seria de 7,21%, sem considerar a corrosão com a inflação e a mordida da Receita, que pode chegar a 22,5%. 

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Já a poupança rende cerca de 6% no ano,  mais a Taxa Referencial (TR) de 1,2%, um rendimento anual de 7,3%. “Na prática, a conta não é tão simples, é preciso considerar o resultado da gestão do fundo, a variação dos juros e o impacto da tributação, mas esse cálculo demonstra como é importante buscar as menores taxas”, diz Nogami. Fábio Gallo, professor de finanças da Escola de Administração e Economia de São Paulo (Eaesp/FGV), concorda. “Nos fundos de renda fixa e DI, a taxa administrativa é um fator preponderante na decisão de investimento”, diz. Os gestores de fundos de ações e fundos multimercado ativos também estão cobrando mais caro. O relatório da Anbima demonstra algumas distorções: para aplicações acima de R$ 200 mil em fundos multimercados, as taxas médias subiram de 1,41% em 2010  para 1,56% neste ano. Além disso, o desempenho desses fundos depende diretamente das decisões do gestor, o que o leva a cobrar um adicional por bom desempenho, conhecido como taxa de performance. “Nesses fundos, o que interessa para o investidor é o retorno possível”, diz Dany Rappaport, sócio do escritório de alocação de recursos Investport.