15/08/2012 - 21:00
Fez toda a diferença para o mercado os movimentos e declarações que a presidenta da Petrobras, Graça Foster, fez para comunicar um resultado de prejuízo – da ordem de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre de 2012 – que a companhia não experimentava fazia mais de dez anos. Diferentemente do que acontecia tradicionalmente, quando o diretor financeiro da empresa divulgava o balanço, Foster – sabendo que tinha uma má notícia em mãos que poderia afetar ainda mais os papéis na bolsa – fez questão de pessoalmente anunciar os números. Naquele momento da coletiva, as ações que já caíam mais de 6% experimentaram uma guinada e passaram a subir. Graça Foster foi ainda além, usando de uma franqueza incomum entre antecessores no cargo.
Não se furtou a colocar o dedo na ferida tratando de problemas como a desvalorização do real na nova política de câmbio do governo que aumentou sobremaneira os custos da Petrobras. Além da importação de derivados de petróleo e revenda a preços subsidiados, a empresa gasta fortunas em dólar com matéria-prima e maquinário para a sua produção. Algo que, em menor escala – mas igualmente danoso –, ocorre em quase toda a cadeia industrial brasileira. Ao optar por uma política de dólar nas alturas, sob o argumento de beneficiar exportadores, as autoridades econômicas vêm impondo pesadas perdas a diversos setores, seja na área de serviços, seja no chão das grandes fábricas. Foster, por sua vez, seguiu na direção contrária à de executivos que preferem colocar panos quentes, diplomaticamente não retrucando medidas oficiais, temendo represálias.
Sua conduta pode e deve inspirar CEOs dos mais variados ramos de atividade e laços de dependência estatal. Foster, como não poderia deixar de ser, preferiu atender em primeiro lugar aos interesses dos acionistas, muitos deles privados, que estão amargando dolorosos prejuízos. É bem verdade que um portento do tamanho da Petrobras tem naturalmente um grande papel a executar dentro do planejamento de políticas públicas do Estado e como agente sinalizador de investimento do País. Mas também reza a cartilha das melhores práticas de governança corporativa que a transparência, em atos e informações, é vital para o bom andamento dos negócios. E nesse capítulo Foster foi impecável.