15/04/2009 - 7:00

De estrela do mercado de fundos a investimento desprezível. Esse pode ser o resumo da trajetória dos multimercados em 12 meses. No ano passado, a categoria que investe em diversas classes de ativos sentiu o peso da má performance e viu desaparecer R$ 300 bilhões de seu patrimônio. As escoriações desse tombo exigiram um rápido movimento para recuperar o terreno perdido e atrair novamente o investidor. Por isso, a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), responsável pela classificação dos fundos, subdividiu os antigos multimercados em novos tipos. Se antes eles eram agrupados em quatro famílias – com e sem renda variável e com e sem alavancagem -, agora eles serão divididos em oito novos tipos.
Para entender cada tipo, o investidor vai ter de mergulhar um pouco mais na estratégia dos fundos. Os long & lhort, como são conhecidos os fundos de arbitragem, serão separados em três: direcional, neutro ou multimercados multigestor. Os l&s direcionais podem fazer operações de ativos e derivativos, assumir posições compradas e vendidas, obtendo resultado da diferença entre as posições montadas. Já os l&s neutros fazem operações semelhantes, mas buscam manter a exposição neutra ao risco do mercado acionário. E os multimercados multigestor, como o nome sugere, podem investir em gestores distintos. Outras subcategorias novas dos multimercados são: macro, multiestratégia, trading, estratégia específica e, por fim, juros e moedas. Os fundos macro têm estratégia baseada em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo. Os multiestratégia podem fazer de tudo um pouco, sem precisar declarar a estratégia. Os do tipo trading procuram ganhos de curto prazo nos preços dos ativos. Os de estratégia específica têm um risco específico, como commodities ou futuro de índice. E os fundos de juros e moedas compram risco de taxas internas e cambial. Importante: todos esses tipos admitem alavancagem, ou seja, exposição ao risco superior ao patrimônio líquido.

A nova classificação populariza uma lista informal que o próprio mercado de fundos já guardava na gaveta. Para diferenciar os tipos de gestão, os distribuidores – aqueles agentes que alocam recursos de grandes bancos ou de family offices – marcavam qual era a estratégia conforme o perfil do gestor. “Essa diferenciação já era praticada”, confirma Pedro Lérias, gestor da Verax Serviços Financeiros. O grande benefício é justamente nomear o que cada fundo se propõe a entregar, aumentando o nível de informação para pequenos aplicadores e evitando assimetrias entre o que o gestor faz e o que o cliente quer. “Os multimercados têm diferentes níveis de risco e de estratégia. E é muito bom que isso fique claro para todos”, diz Lérias.
A Anbid adiou o prazo de início dessa classificação de abril para maio. Até lá, os gestores poderão encontrar o melhor lugar para encaixar o seu fundo. A Mauá, por exemplo, já decidiu que o Mauá FIC multimercados, com patrimônio de R$ 120 milhões, será um macro. Nessa transição, os long and short, filhotes dos multimercados, também receberão três novas denominações. Essa decisão corrige uma distorção. A Duna Investimentos tem dois fundos long and shorts que estavam erroneamente classificados entre os multimercados. “Era difícil explicar para o investidor que nossa estratégia era arbitragem entre setores de ações e que não comprávamos inflação”, afirma Luciano Jugdar, sócio da gestora. Os dois fundos passam, a partir de agora, a ser long and short direcional.