27/04/2015 - 0:00
Fato consumado em diversas dimensões da vida brasileira, a crise econômica impacta também o incipiente mercado de arte nacional. O sinal mais evidente da prudência que começa a vigorar entre investidores de arte é a retração das vendas da 11ª edição da SP-Arte, feira de arte moderna e contemporânea que aconteceu de 9 a 12 de abril, em São Paulo.
Segundo o balanço da SP-Arte 2015, o volume de vendas beneficiadas pela lei do ICMS (Imposto de Mercadorias e Serviços) este ano, foi de R$ 140 milhões – o que representa uma redução de 17 milhões em relação às vendas em 2014.
Ainda que os números de visitantes e de galerias participantes tenham superado timidamente os da edição passada, os sucessos este ano não vieram para todos. Segundo depoimentos de galeristas expositores, quem vendeu mesmo foram as grandes galerias brasileiras, representantes de artistas consagrados no mercado. Entre elas, figuram especialmente as galerias do mercado secundário, com obras de grandes artistas modernos, como Alfredo Volpi, oferecido nos estandes das galerias Dan, Paulo Kucinski, Arte 57 e Almeida e Dale.
Os setores mais atingidos pela crise foram as grandes galerias internacionais e as galerias de médio e pequeno porte, integrantes do setor “Showcase”. A constatação é lamentável, pois aponta para um arrefecimento da procura pelo artista em início de carreira, o que interrompe a tendência de democratização do acesso ao colecionismo de arte, que parecia se delinear na última década.
A contrapartida é aparecimento das “Private Viewing Rooms”, uma tendência nas grandes feiras internacionais como Art Basel e Frieze. Este foi o primeiro ano em que tivemos na SP-Arte a oferta de um desses espaços exclusivos, trancados à chave, que comercializam as obras mais caras do mercado, dão tratamento personalizado ao comprador e lhe garantem um dos maiores assets do mercado de arte: a exclusividade.