Quando Steve Ballmer, CEO da Microsoft,  subiu ao palco do Hilton Center, em Las Vegas, durante a Consumer Electronics Show (CES), na semana retrasada, uma era da computação começou a ser sepultada. Durante sua apresentação, ele anunciou que a próxima versão do sistema operacional Windows vai rodar em processadores  da ARM, empresa especializada em projeto de chips para smartphones e tablets. 

 

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A novidade foi um duro golpe na Intel, a principal fabricante de processadores do mundo e que por décadas foi a parceira inseparável da Microsoft, numa dobradinha que ficou conhecida no mercado como “Wintel”, sigla que une a palavra Windows com Intel. “Seja qual for o equipamento que você usar, hoje ou no futuro, o Windows estará presente nele”, afirmou Ballmer. Por quase três décadas, o mundo se acostumou com essa dupla. 

 

As duas parceiras provavelmente vão manter o domínio do setor de computadores por muito tempo. O problema é que os equipamentos móveis vieram para ficar e são a tendência de consumo no futuro, o que significa vida dura para os PCs. Nesse admirável mundo novo, os protagonistas são outros competidores. 

 

No caso da Microsoft, os rivais no setor de mobilidade são conhecidos: o Google e a Apple. A arma utilizada pela empresa de internet é o Android, presente em uma série de smartphones e tablets. 

 

Já o sistema operacional da Apple, o iOS, foi impulsionado pelo fenômeno iPhone. Processo semelhante pode ocorrer daqui por diante com o iPad, o produto da companhia de Steve Jobs que deu novos contornos ao segmento de tablets. 

 

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A Intel tem como adversárias, além da ARM, a Qualcomm, fabricante de chips para celulares, e a Nvidia, especializada em processadores gráficos. “Aquele cenário dominado por Microsoft e Intel mudou. No setor de mobilidade, o Android é um sucesso”, afirma Luciano Cripa, coordenador de pesquisas do IDC.  

 

Segundo Cripa, a entrada dos tablets no mercado transformou a maneira de o consumidor interagir com a tecnologia. “Antes, a relação se dava pelo monitor e o mouse”, diz. “Daqui por diante, será pelo toque dos dedos. Isso apresenta desafios para os fabricantes de chips.”  

 

Enquanto a Microsoft tenta reagir ao cenário desfavorável por meio de parcerias, a Intel promete ingressar no setor de smartphones em 2011. Seu  processador para celulares está ancorado no chip Atom, apresentado pelo CEO Paul Otelline, durante a CES de 2010. 

 

A promessa era ter os primeiros smartphones equipados com o Atom em 2010. Mas os planos atrasaram diante da dificuldade da Intel para desenvolver um produto num setor desconhecido.  

 

Os primeiros tablets com chips da Intel, por sua vez, foram apresentados na CES deste ano. Depois de assumir publicamente a demora para ingressar no mercado de celulares com internet, a Intel apresentou uma nova categoria de processadores gráficos, itens necessários para acessar fotos e jogos. 

 

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“A Intel sabe da necessidade de investir em tecnologias para novos equipamentos, como tablets e smartphones. Largamos atrasados no caso do tablets, mas já estamos preparando produtos nessa área”, afirma Américo Tomé, diretor de marketing de produtos da Intel para a América Latina. “Nossa estratégia hoje é ter a melhor solução independentemente do sistema operacional.” 

 

Diante de um mercado que ainda tenta se rearranjar no meio do furacão provocado por smartphones e tablets, a dupla Microsoft-Intel tenta encontrar seu espaço e mantém o discurso da permanência da parceria. De fato, elas continuam a desenvolver produtos em conjunto. A grande questão é se vão conseguir fazer o mesmo barulho da época da computação pessoal.