No mundo do automobilismo, um carro deixa de ser produzido porque a carroceria não agradou aos consumidores ou porque tem qualidade duvidosa. Quando uma das duas hipóteses acontecem, o veículo se torna produto de segunda linha, cai no esquecimento e o valor de mercado desce na mesma proporção. Há, entretanto, raras exceções. No mês passado, a alemã Porsche aposentou precocemente o modelo Carrera GT, um portentoso automóvel com 612 cavalos que proporcionam uma velocidade de 330 km/h. O carro havia sido lançado no fim de 2003 e produzido até maio de 2006. Ao todo, foram vendidas 1.270 unidades a um preço de US$ 440 mil no Exterior e US$ 900 mil no Brasil. Tratava-se de um sucesso absoluto entre os aficionados por velocidade. Por que, então, tirá-lo do mercado? Saiu de linha para entrar no grupo de carros que viram lendas. ?Modelos como esse se tornam relíquias desejadas pelos colecionadores e têm um grande potencial de valorização?, diz Roberto Suga, vice-presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos.

Tudo foi, minuciosamente, pensado pela Porsche para dar mais exclusividade para o que já era exclusivo. Retirar o produto de linha garante que o nome da marca estará ainda mais em evidência quando o objetivo é gerar o desejo dos consumidores. ?Com essa tacada, a Porsche consegue elevar o status da marca?, diz Pyr Marcondes, diretor da SuperBrands, consultoria especializada em avaliação de marcas. É um círculo vicioso, pois sai um e entra outro. Para ocupar o espaço deixado pelo Carrera GT, a empresa já prepara o lançamento do Porsche Panamera. Ele será fabricado na mesma planta industrial de Leipzig e será vendido a partir de 2009. Como acontece com quase todos os exemplares desenvolvidos pela montadora alemã, ele tem tudo para ser mais um daqueles automóveis que se tornam mito.