As sirenes que alertam sobre a passagem de um tornado começaram a tocar no meio da tarde da segunda-feira 20, avisando os moradores de Moore, cidade de 56 mil habitantes no Estado de Oklahoma, vizinha da capital, que eles tinham de procurar abrigo. Quem tinha um porão debaixo de casa desceu para se proteger. Quando voltaram à superfície, após o aviso sonoro de que o perigo havia passado, o cenário parecia o de uma guerra. Os ventos de até 330 quilômetros por hora deixaram um rastro de destruição, ao longo de 27 quilômetros. Bairros inteiros desapareceram. O desastre deixou 24 mortos e 377 feridos. 

 

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Destruição: mãe resgata filha dos escombros de uma escola em Moore, em Oklahoma, na segunda-feira 20

 

No total, cerca de 33 mil pessoas foram afetadas, de acordo com as autoridades, e 1,2 mil residências, danificadas. Muitos perderam tudo. O prejuízo material foi estimado, inicialmente, em US$ 2 bilhões, ou R$ 4 bilhões. Trata-se de um montante elevado. No entanto, boa parte dessas perdas será coberta pelas companhias de seguros. Maior economia do mundo, os Estados Unidos não estão isentos de desastres naturais. Ao contrário. O país registra anualmente centenas de tornados, tempestades, furacões e incêndios florestais. Estiagens e enchentes também afetam a produção agrícola. 

 

Escaldados com a repetição das ocorrências, os americanos desenvolveram, ao longo dos anos, um sofisticado sistema para minimizar as perdas materiais e de vidas. Bilhões de dólares são investidos no monitoramento dos fenômenos climáticos, com centros de pesquisa que acompanham as imagens de satélites e processam informações que são transmitidas aos moradores, diretamente pelo governo ou pelos canais de rádio e televisão. A cidade de Moore, localizada bem no meio da chamada “alameda dos tornados”, no centro do país, conseguiu alertar a população com 16 minutos de antecedência, permitindo que muitos se abrigassem em construções reforçadas ou fugissem da rota do tornado. Alertas semelhantes existem em todo o país. 

 

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Reação: o presidente Obama reage rápido nas emergências naturais

e reforça a popularidade. George W. Bush fazia o contrário

 

No ano passado, o Centro de Previsão de Tempestades, um órgão do governo americano, registrou a ocorrência de 936 tornados, que produziram 68 vítimas fatais. Na Flórida, o Centro Nacional de Furacões acompanha as tempestades que sobem do Caribe. Os moradores da Flórida e dos demais Estados do Sul se previnem, no verão, colocando tábuas nas janelas e estocando comida e combustível em casa. Além dos sistemas de alerta para salvar vidas, o país desenvolveu proteções contra as perdas materiais. No ano passado, das dez maiores catástrofes naturais registradas em todo o mundo, cinco ocorreram nos Estados Unidos, incluindo o furacão Sandy, que atingiu também o Caribe. 

 

No total, as perdas chegaram a US$ 116 bilhões, dos quais pouco menos da metade (US$ 52,4 bilhões) foi ressarcida pelas seguradoras.A seca que atingiu boa parte das regiões agrícolas elevou o preço dos alimentos no mundo, inclusive no Brasil, e causou um prejuízo de US$ 35 bilhões. Desse montante, US$ 20 bilhões foram compensados pelas seguradoras. Ironicamente, a destruição da infraestrutura traz consigo um aspecto positivo: a necessidade de reconstruí-la, o que ajuda a movimentar a economia neste momento de desemprego elevado e crescimento baixo. 

 

O prefeito de Moore, Glen Lewis, quer mudar a legislação local para tornar obrigatória a instalação de abrigos resistentes aos tornados, geralmente construídos sob as garagens, com um custo em torno de US$ 4 mil, que pode ser pago com incentivo do governo. O presidente Barack Obama, que na terça-feira anunciou que liberaria para a região os recursos necessários para a reconstrução, planejou para o domingo 26 uma visita a Oklahoma para prestar solidariedade às famílias. Nada mais oportuno para mostrar serviço. No furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans em 2005, a falta de iniciativa do ex-presidente George W. Bush aniquilou de vez a sua popularidade. Obama sabe da importância de exercer sua liderança em momentos como este.

 

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