24/05/2013 - 21:00
Papéis avulsos
A HRT divulgou duas notícias ruins para seus acionistas na segunda-feira 20. A primeira veio da África: a petrolífera encontrou óleo na Namíbia, mas não em volume comercial. A segunda veio da Amazônia: um poço na região do Solimões que demonstrava ter indícios de petróleo mostrou ter apenas água. O literal furo n’água fez as ações caírem 13,68% na semana. De acordo com analistas do Banco Espírito Santo (BES), embora o resultado do primeiro poço não interfira na expectativa dos demais, as perfurações malsucedidas foram negativas à companhia.
No mês, a empresa divulgou resultado, com redução em seu caixa líquido e ainda vivenciou a renúncia de seu presidente e fundador, Marcio Rocha Mello, que permanece apenas no Conselho de Administração. Oswaldo Telles e Frederico Lebre, analistas do BES, não alteraram a recomendação de manter os papéis, rebaixando o preço-alvo de R$ 3,40 para R$ 2,60 por ação. Segundo eles, somente o anúncio de uma descoberta de petróleo poderia mudar as cotações.
Agronegócio
Biosev atrai estrangeiros
Os investidores estrangeiros, na maioria fundos, adquiriram 78% dos papéis na oferta pública de ações da sucroalcooleira Biosev, controlada pela francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC). Antes da operação, por meio da qual a companhia captou R$ 700 milhões, os estrangeiros tinham algo próximo de 10% das ações da companhia. Após o IPO, a participação passou para 25%. Desde a estreia na Bolsa de Valores de São Paulo, em 19 de abril, as ações da empresa caíram 6,6%.
Touro x Urso
A incerteza em relação à continuidade do afrouxamento monetário nos Estados Unidos deverá continuar pressionando negativamente a bolsa brasileira nesta semana, em um cenário marcado por dúvidas sobre a economia nacional. Sem os estrangeiros, a bolsa não se sustenta, como ocorreu no fim da semana passada.
Quem vem lá
CPFL Renováveis quer abrir capital
A CPFL Renováveis, empresa do grupo CPFL Energia, apresentou na quinta-feira 23 seu pedido de oferta inicial de ações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No segundo trimestre do ano passado, a companhia já havia registrado o mesmo pedido junto à autarquia, mas decidiu adiar a operação alegando “condições adversas de mercado”. Os recursos levantados com a oferta, que ainda não tem data para acontecer, devem ser utilizados para desenvolver novos projetos e realizar aquisições.
Infraestrutura
Mills investirá 63% mais
A Mills, prestadora de serviços especializados de engenharia, ampliou em 63% a previsão de investimentos de R$ 296 milhões para R$ 481 milhões neste ano. O orçamento adicional de R$ 185 milhões será utilizado para modernizar equipamentos e para acelerar a expansão geográfica. “Vamos abrir 12 novas unidades, que serão acrescidas às 49 que já temos”, diz Ramon Vazquez, presidente da companhia. “Os contratos que temos nos deixam confortáveis para investir mais. Os papéis da companhia acumulam alta de 4,9% no ano, cotados a R$ 35,50.
Educação financeira
Em 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo, o economista sul-coreano Ha-Joon Chang, reafirma suas teses polêmicas e aponta princípios básicos para reconstruir o capitalismo. Ed. Cultrix, 368 páginas, R$ 45.
Destaque no pregão
Embargo russo afeta frigoríficos
Após a Rússia ter colocado um embargo às importações de carne bovina de algumas unidades de processamento no Brasil, as ações dos frigoríficos Minerva e Marfrig caíram, respectivamente, 2,5% e 2,1% na terça-feira 21, quando o Ibovespa subiu 1%. Nos dias seguintes, no entanto, os papéis reduziram as perdas. Até a quinta-feira 23, as ações do Marfrig tiveram alta de 0,68% e as do Minerva registraram estabilidade.
Palavra do analista: Daniela Martins, analista da corretora Concórdia, avalia que o investidor deve ficar mais atento com os níveis de endividamento das empresas do que com o embargo. “A restrição se refere a algumas plantas e, para minimizar o impacto, Minerva e Marfrig podem exportar de outras”, diz.
Mercado em números
MRV Engenharia
R$ 278 milhões - é o valor que a controlada da construtora mineira, a Log Commercial Properties, vai receber em capital. A maior parte virá dos atuais sócios e o restante de um fundo gerido pelo Bradesco BBI.
Ultrapar
R$ 246,5 milhões - foi o ganho líquido da distribuidora de combustíveis e gás no primeiro trimestre do ano. O montante é 29% maior que o registrado no mesmo período de 2012.
Iguatemi
R$ 150 milhões - é quanto a administradora de shopping centers planeja captar com a emissão de 500 Certificados de Recebíveis Imobiliários, com valor unitário de R$ 300 mil.
BR Insurance
R$ 28 milhões – foi o lucro líquido da companhia de corretagem de seguros nos três primeiros meses de 2013, uma alta de 12% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
Mundial
R$ 4,2 milhões – foi o lucro líquido da empresa gaúcha de bens de consumo no primeiro trimestre de 2013, revertendo o prejuízo de R$ 4,9 milhões do mesmo período do ano anterior.
Pelo mundo
Herbalife contrata PwC como auditor
Depois da renúncia da KPMG, em abril, a americana Herbalife contratou a PwC como sua nova auditoria. O anúncio animou o mercado e as ações da Herbalife subiram mais de 4% na tarde da terça-feira 21. Na quinta-feira 23, os papéis tiveram alta de 2,55%*.
Resultado da Marks & Spencer cai 9%
A varejista britânica Marks & Spencer, uma das maiores redes de lojas de departamento do Reino Unido, reportou lucro líquido de 466,7 milhões de libras (R$ 1,43 bilhão) no ano fiscal encerrado em março. O montante representa uma queda de 9% em relação ao ano anterior. As ações caíram 0,65% na bolsa de Londres. *
*Cotação de quinta-feira 23
Itália e Espanha derrubam lucro da Vodafone
A Vodafone, operadora britânica de telefonia, precisou fazer uma baixa contábil ao reavaliar suas operações nas unidades da Espanha e da Itália, o que derrubou o seu resultado no ano fiscal de 2013. O lucro líquido caiu 93,8%, chegando a 429 milhões de libras (R$ 1,3 bilhão).
Personagem
Log In anda sobre o mar
A MP dos Portos, que foi aprovada no dia 16 de maio, promete mexer com o setor de logística no Brasil. A Log In Logística Intermodal já planeja como se beneficiar com a medida, seja como principal transportadora de contêineres do País, seja como operadora em portos. O CEO Vital Jorge Lopes falou com a DINHEIRO:
Vital Jorge Lopes, CEO da Log In: redução de custos
para transportes de longas distâncias
Como a MP dos Portos muda o planejamento da Log In?
Já somos operadores no Porto de Vila Velha, no Espírito Santo. A redução no custo da mão de obra faz com que pensemos em nos tornar operadores no porto de Manaus. Estudamos ainda operar no Porto de Suape, em Pernambuco. Se não formos investidores lá, nossa meta é nos tornarmos o maior usuário. Para isso, teremos sete novos navios até 2015, sendo cinco deles porta-contêineres com capacidade de 2,8 mil TEUS (a medida equivale a um contêiner de 20 pés) e os outros dois para transporte de grãos.
De onde vem o dinheiro para construir os navios?
Vamos investir R$ 1 bilhão, sendo 90% do custo suportado pelo Fundo da Marinha Mercante, operado pelo BNDES.
A empresa já colhe os resultados do IPO de 2007?
A Log In é um projeto com maturação para cinco anos. Desde 2008 focamos o transporte de cargas de porto a porto pelo mar, conhecido como cabotagem. Toda semana fazemos escala em 15 portos. Começamos fretando navios com capacidade para 660 TEUS. Aos poucos, passamos a operar uma frota própria, com navios que transportam até 2,8 mil TEUS. O transporte por cabotagem é promissor, pois deve decuplicar até 2021.
Qual é a vantagem da cabotagem?
A mais perceptível é a redução de custos para transportes de longas distâncias. Não faz sentido pegar uma carga em Manaus e trazê-la para São Paulo de caminhão. O custo é alto e reduz a competitividade da indústria nacional. O mais lógico é usar o modal rodoviário para transportar as cargas da empresa para o porto mais próximo e usar, então, a cabotagem. Os quase 10 mil quilômetros de rotas marítimas, a distância de Manaus ao Sul do Brasil, não precisam de manutenção.
Colaboraram: Patrícia Alves e Fernando Teixeira