Estamos vivendo uma revolução tecnológica no setor de alimentação fora do lar. Não estou falando de robôs servindo mesas e sim de melhorias genéticas da produção, de redução do desperdício na colheita e na logística, e de uma competição acirrada entre empresas nas praças de alimentação e marketplaces, buscando a satisfação e a fidelidade dos clientes.

A década de 1960 foi um período de forte expansão da produtividade agrícola, com a Revolução Verde, que incorporou novos métodos de plantio, sementes geneticamente modificadas e melhores produtos para controle de pragas. O destaque foi o trigo: a produtividade foi tripicada em uma geração graças a técnicas e sementes desenvolvidas por Norman Borlaug, que recebeu um Prêmio Nobel da Paz por isso. Atualmente, estamos reeditando a revolução verde a partir de novas e especializadas tecnologias, em todas as etapas da cadeia de valor da produção de alimentos e de sua comercialização.

No Brasil, o fast food nasceu de forma diferente das grandes marcas americanas. Lá, elas vieram como uma evolução do drive-in, pontos de encontro de jovens motorizados no pós-guerra. Nossa origem foi diferente, provavelmente tendo a sorveteria de Bob Falkenburg, de 1951, como ponto de referência, pois foi também a origem da rede Bob’s, ainda forte no mercado. As grandes marcas americanas chegaram mais tarde, com um modelo de produção efetivamente baseado no conceito de fast food.

Para nós, almoço não é somente um intervalo curto entre dois turnos de trabalho. É uma oportunidade de conviver, congregar e relaxar. Comida é também indulgência, recompensa, amizade. Atender a essa necessidade exigiu dos empeendedores buscar eficiência, qualidade e preços justos, propiciar uma experiência agradável aos clientes. Isso envolve muita tecnologia — sempre meio e nunca finalidade quando o assunto é alimentação.

Os restaurantes buscam redução de custos com os recursos de IA, a internet das coisas e a IA generativa, para um controle eficiente de estoques, a adoção de contratos inteligentes na cadeia de valor, a automação dos processos de produção na cozinha, com redução das horas de trabalho e do desperdício. O controle automático de equipamentos otimizará o uso da infraestrutura, reduzirá o consumo de energia e de insumos e o risco de acidentes, dando ao gerente mais tempo para a supervisão da operação e a alocação da capacidade da equipe.

Na interação com o cliente, além de múltiplas e práticas formas de fazer suas escolhas, os avanços tecnológicos permitem atendimento mais personalizado. Estas tecnologias possibilitam aos varejistas compreender as preferências dos clientes, criando ofertas personalizadas, promoções direcionadas e mesmos produtos e serviços exclusivos, com base nos dados analisados. Dessa forma, o consumidor percebe a jornada de compra como mais limpa e com menos obstáculos, e ainda se sentindo valorizado e único.

Outra mudança estará nos serviços de delivery, que continuarão crescendo, mas sendo desafiados pelos custos crescentes, impulsionando a opção dos serviços de take away. Estudo da McKinsey mostra que as empresas do setor dependem de hegemonia nas cidades maiores para obter lucros. Essa dinâmica abre espaço para unidades menores de fast food e restaurantes de bairro, promovendo entregas locais e opções mais acessíveis de take away e as cadeias classificadas como de “neighborhood restaurants”.

Vamos nos alimentar melhor, com mais qualidade nos insumos, menos produtos ultraprocessados, maior valorização da produção local e uma postura mais responsável em relação ao meio ambiente e aos resíduos. Seremos melhores e vamos contribuir ainda mais para a sociedade, esta é a ambição que identifico para o segmento de alimentação fora do lar.

Eduardo Guerra é diretor de expansão e novos negócios do Giraffas