A corrida do ouro nunca esteve tão forte. Em três anos, as cotações subiram 76% em dólares, ante uma queda de 8% do Índice Bovespa. O que vem sustentando essa alta é a demanda do mercado internacional. Os bancos centrais da Índia, da China e da Rússia têm investido bilhões de dólares no metal. “Vivemos um momento de transição em que os Estados Unidos perdem força e os países reduzem suas reservas de dólares e compram outros ativos”, diz o consultor financeiro Luís Jurandir Simões. “O ouro tem sido uma moeda da transição, o que explica a alta de preços.”

55.jpg

As compras, porém, não se limitam aos bancos centrais. Segundo o Conselho Mundial do Ouro (World Gold Council, WGC), a demanda da Índia cresceu 25% em um ano e isso deve continuar pelos próximos anos. O governo indiano adquiriu cerca de 200 toneladas do FMI, em 2009, e o uso de joias é tradicionalmente importante no País. “Investir em joias faz parte da cultura indiana, e o crescimento da renda aumenta as compras”, diz Mauriciano Cavalcanti, sócio da corretora de ouro OM.

 

Vale a pena seguir os bancos centrais e os abonados de Nova Délhi? Segundo Simões, isso é recomendado apenas para quem tem a capacidade indiana de manter a serenidade em momentos de turbulência. “O ouro é estruturalmente muito volátil”, diz. Em Nova York, a onça (31,104 g) encerrou maio a US$ 1.542, permanecendo no patamar mais elevado da história em termos nominais. 

 

56.jpg

 

 

Como os Estados Unidos devem continuar injetando dólares no mercado, a perspectiva é de que as altas continuem. Segundo Cavalcanti, que ganha a vida vendendo ouro, é possível que a onça ultrapasse US$ 2.000 até o fim do ano. Porém, apesar da alta valorização e da ilusão de segurança ao guardar a barra de ouro física, as cotações oscilam bastante e o risco é alto no curto prazo. “O investidor tem outras opções de ativos mais seguras”, afirma Simões.