Nascida para brilhar. Esse lema parece ter sido cunhado à perfeição pela Swarovski, conhecida mundialmente por seus cristais delicados e de cortes precisos, fundada em 1895, em Wattens, no Tirol austríaco, um dos ícones do mercado mundial de joias finas, cuja liderança disputa brilhante a brilhante com nomes tradicionais como a americana Tiffany e a francesa Cartier. Sob o comando do CEO Robert Buchbauer, membro da quinta geração da família Swarovski, a empresa luta para recuperar a elegância e o glamour perdidos entre os sapatinhos vermelhos da personagem Dorothy,  no filme O Mágico de Oz, e as exageradas capinhas para celular cravejadas em centenas de pontos luminescentes, de gosto duvidoso e que lhe pespegaram um certo ar emergente e excessivo. “Queremos apresentar os cristais em formas nunca vistas, combinando metais e pedras preciosas”, disse Buchbauer em entrevista à DINHEIRO, durante visita ao Brasil na última semana de agosto. Em companhia de Nathalie Colin, diretora-criativa da marca, ele veio participar do desfile de lançamento da nova coleção da Swarovski, batizada de Wings of Fantasy (Asas da Fantasia) na Casa Fasano, em São Paulo.

62.jpg
Robert Buchbauer: “Nosso público são todas aquelas pessoas que, como nós, nasceram para brilhar”

No posto desde 2002, Buchbauer tem como missão retornar à essência do DNA  da marca centenária criada por seu tataravô, Daniel Swarovski, que ao longo dos anos se transformou em sinônimo de peças pequenas e brilhantes entre os joalheiros de todo o mundo. Entre suas iniciativas, figura a ampliação do catálogo de produtos ofertados. Além do desfile de alta-costura, no qual foram exibidos os braceletes, colares, anéis e brincos da nova coleção, com toda uma gama de peças que inspiram desejos e despertam paixão na ala feminina, o evento serviu para mostrar aos clientes brasileiros a diversificação da grife, com os lançamentos dos óculos de sol, relógios e uma inédita linha masculina. “É preciso paixão para realizar qualquer tarefa”, diz Buchbauer. “Nossa equipe é apaixonada pelo que faz, isso se reflete na perfeição dos cristais.” Ao seu lado, Nathalie, a diretora-criativa, enfatiza a magia provocada pelas joias da companhia.  “É uma cadeia de emoções que varia desde o deslumbramento diante de uma peça até outros de cunho psicológico, como quando alguém adquire um pingente e deposita toda a sua sorte nele”, afirma Nathalie.  

Nessa nova coleção, o universo teatral foi explorado a fim de resgatar a era das grandes divas e bailarinas, misteriosas e exuberantes. Aparentemente, a temática parece ter sido acertada, pois caiu no gosto do público presente na Casa Fasano: a Phoenix, uma das peças integrantes do conjunto Wing of Fantasy, já tem lista de espera nos shoppings Iguatemi e Iguatemi Alphaville. Para Buchbauer, a procura mostra o potencial de expansão da marca no Brasil. “Nossas vendas no País estão crescendo 40% ao ano, o dobro da média mundial do grupo”, diz ele. “Em pouco tempo, o mercado brasileiro deve se tornar um  dos dez mais importantes para nós.” Para conquistar de vez os brasileiros, o CEO desenvolveu uma estratégia  comercial e de marketing sob medida. A exemplo de outras grifes consagradas, a Swarovski se curvou às peculiaridades locais, como a venda a crédito, em até dez prestações. Além da diversificação da linha de produtos, a empresa também está apostando na ampliação de sua rede. “Nos próximos anos pretendemos duplicar o número de lojas próprias para 30”, diz Buchbauer, que não descarta a venda em lojas multimarcas.

 

63.jpg

 

 

 Um ponto de aproximação da Swarovski com o Brasil se dá nas passarelas, onde seus cristais lapidados são presença constante, como ocorre nas edições do São Paulo Fashion Week, a mais importante semana de moda da América Latina e a quinta do mundo. Nomes como os estilistas Alexandre Herchcovitch e Gloria Coelho estão na mira da diretora Nathalie, que não esconde o desejo de ter um brasileiro no seu time de designers, baseado em Paris. A ideia é reproduzir aqui o trabalho a quatro mãos com grifes famosas do mundo fashion, como é o caso do efetuado com parceiros de primeira linha, a exemplo da Chanel. Além de garantir maior visibilidade e ser importante para o processo de recuperação do glamour, essas parcerias foram decisivas para que as vendas da Swarovski crescessem. No ano passado, a marca, que atualmente tem como logotipo um cisne (até 1988 era a edelweiss, uma flor do Tirol), faturou € 2 bilhões. Com clientes de personalidades tão díspares, quanto a atriz burlesca Dita Von Teese e a duquesa de Cambridge, Kate Middleton,  Buchbauer acredita que a Swarovski está no caminho certo e que esse ecletismo é consequência de sua própria natureza. “Nosso público são todas aquelas pessoas que, como nós, nasceram para brilhar.”

 

64.jpg