Os fabulosos lucros do sistema financeiro no Brasil atraíram um grupo muito especial de empresas estrangeiras. Elas se dedicam a terceirizar atividades que bancos, corretoras ou seguradoras não consideram prioritárias ? mas que são indispensáveis para o andamento dos negócios. Vindas de países tão diversos quanto a França, a Austrália e a Suíça, elas oferecem soluções para diversos setores, da automação bancária à contabilidade. E, para vender seus produtos, aproveitou oportunidades criadas pela chegada do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a partir de março de 2002.

Os terceirizadores, como são chamados, chegam para atender demandas muito específicas. As empresas de seguro saúde e as cooperativas médicas, por exemplo, são geralmente controladas por doutores com pouca experiência em administração. A francesa April se oferece para ajudá-las. Na Europa, ela já cuida de toda a parte operacional de 2,2 milhões seguros de vida, embora não seja seguradora. Fatura US$ 150 milhões com isso. ?Aqui, a área de saúde será nosso foco principal?, diz o diretor-geral, George Waddell. A explosão do uso de cartões de crédito e débito trouxe uma oportunidade para a australiana Akyman. Ela fatura US$ 160 milhões no exterior, graças à venda de um aparelhinho sem fio, acoplado a um celular, que permite leitura de cheques e de pagamento com cartões de crédito à distância. ?Levaremos o cartão de crédito aos entregadores de pizzas e taxistas?, diz o diretor Rodrigo Balen. Já a Eri Brasil, filial de uma empresa suíça, descobriu o nicho do SPB. Aproveitou a novidade para vender um programa que integra toda a gestão da tesouraria de um banco. Até as empresas já estabelecidas decidiram se mexer para não ficar para trás. A americana ACI Worldwide, que há cinco anos vende sistemas para pagamentos eletrônicos, passou a oferecer mecanismos contra fraudes com cartões. Achou um filão. ?É o que mais tem procura hoje?, conta o diretor Eduardo Kfouri.