Empresários de todo o País aguardam por um desfecho o quanto antes da crise política. Centenas de associações e federações juntaram forças na semana passada para uma espécie de grito de socorro. Pediram o impeachment da presidente Dilma. De maneira clara, direta, sem meias palavras, como poucas vezes se viu no passado, elas apontaram esse como sendo o único caminho possível diante do desastre econômico em curso. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, foi taxativo neste sentido: “A situação hoje é de caos completo e de descrédito. O Governo está perdendo muita legitimidade”.

O desastre deixado pela atual administração está por todos os lados. Mais de quatro mil indústrias, somente em São Paulo, cerraram as portas nos últimos tempos. Outras 100 mil pequenas e médias companhias pediram falência. O universo produtivo de maneira geral encolheu, demitiu, cancelou linhas fabris. Andou para trás. Já são 10 milhões de desempregados. E mesmo as conquistas sociais foram para o espaço. O PIB pode cair perto de 9% na soma de dois anos. Não há recessão sequer semelhante no mercado há mais de 100 anos. E o governo parece dar sinais de que não é com ele.

Libera verbas políticas. Pede aceitação de um déficit público na casa de R$ 100 bilhões e ainda fala em retomada, ignorando o rombo fiscal e rolando compromissos a perder de vista. A presidente abandonou qualquer prudência ou preocupação com a pauta econômica. Não há mais compromisso com a estabilidade das contas. Projetos impagáveis estão sendo ativados no setor público. Dilma arma um golpe financeiro contra a própria gestão. De maneira pensada e calculada. Quer cometer barbaridades orçamentárias e aumentar impostos para compensar o rombo.

A consequência desse coquetel, caso colocado em prática, será ainda mais insolvência empresarial. O day after do processo de impedimento no Congresso é decisivo no atual cenário. Se Dilma não sair, a perspectiva será sombria, de colapso e impotência na maior parte dos setores. Ninguém quer mais trabalhar com essa possibilidade. Hordas de empreendedores estão acionando suas bases parlamentares em Brasília para que respondam com uma alternativa de governo. Do contrário, não vai sobrar quase nada de pé.

(Nota publicada na Edição 961 da revista Dinheiro)