19/09/2012 - 21:00
O executivo paulistano Alexandre Szapiro, 42 anos, acorda cedo. Costuma estar de pé pouco depois das 6 horas e toma o café da manhã em casa. Antes de ir para o trabalho, faz caminhadas pelo bairro onde mora, numa região central de São Paulo. Às vezes, é acompanhado pela esposa, com quem tem três filhos. É esportista: joga tênis com relativa frequência no clube Hebraica, na capital paulista. Filho de Yehuda Szapiro – produtor musical que trabalhou em discos de artistas como Toquinho e Vinícius –, é comunicativo e elogiado por pessoas próximas pelo modo educado. Quando a circunstância exige, no entanto, sabe ser enérgico sem perder a elegância.
Comandante: ex-Apple, Szapiro tem novamente a missão de liderar
uma gigante da tecnologia no País
Essas são algumas das características do homem que estará, a partir deste mês, no comando da operação brasileira da Amazon, um gigante que faturou US$ 48 bilhões no ano passado. A definição do comandante no País da subsidiária da maior empresa de comércio eletrônico do mundo é, por si só, uma notícia de impacto. A história adquire um contorno ainda mais especial pelo fato de Szapiro ter sido recrutado nas hostes de outra gigante da tecnologia: ele era o diretor-geral da Apple no mercado nacional. Na nova empreitada, Szapiro terá, em alguns aspectos, um desafio similar ao que teve na companhia fundada por Steve Jobs: o de montar a operação local de uma multinacional tecnológica.
Quando assumiu a Apple brasileira, em 2007, sua tarefa foi a de dar capilaridade aos produtos, até então restritos a poucos pontos de venda e consumidos basicamente por designers e publicitários. Cinco anos depois, a empresa mantém acordos com revendedores autorizados em shoppings, além de estar presente em redes varejistas. Como número 1 da Amazon, ele comandará acordos comerciais – com editoras, por exemplo – e desenhará estratégias de lançamento de produtos, como o leitor digital Kindle, que será o primeiro dispositivo da empresa a chegar ao Brasil. Para mergulhar de cabeça na empreitada, Szapiro está fazendo uma imersão de 15 dias na empresa.
Ele está desde a semana passada em Seattle, nos EUA, onde fica a matriz da Amazon, para participar de um processo de integração. E já adota uma conhecida característica da empresa: a de guardar distância da mídia. Procurado pela reportagem, ele disse que não poderia se pronunciar. Szapiro está em silêncio, assim como a equipe que já está trabalhando na Amazon no País. Inicialmente, o executivo terá a seu lado outros três funcionários na companhia cujo escritório fica na zona sul de São Paulo. Um deles é Mauro Widman, responsável pelas negociações com editoras, que conhece Szapiro da época em que ambos usavam outros crachás. Widman fora incumbido de desenvolver o aplicativo para iPhone da Livraria Cultura, em São Paulo, na época em que Szapiro era da Apple.
O software teve problemas para ser aprovado na loja virtual da dona do iPhone. Na ocasião, Widman pedia constantemente ao colega para interceder. No final, deu tudo certo. O programa foi lançado em 2007. Antes da Apple, Szapiro foi vice-presidente no Brasil da Palm, uma das empresas pioneiras em smartphones, mas que sucumbiu posteriormente ao poderio da Apple e seu iPhone. Curiosamente, o celular que derrubaria a Palm foi lançado no mesmo ano em que ele assumiu o comando da empresa da maçã no Brasil. Depois de chefiar as operações da companhia que redefiniu o mercado de telefonia móvel, agora Szapiro conduzirá a empresa que revolucionou o comércio dos EUA, em especial o de livros.
Lançar o e-reader Kindle a um preço atrativo para o consumidor brasileiro e popularizar o livro eletrônico são algumas de suas missões, além de, posteriormente, emplacar o tablet da empresa, o Kindle Fire. A data de estreia do braço brasileiro da Amazon ainda é incerta. Mas o fato é que, além da chegada de Szapiro, outro passo importante nesse sentido acaba de ser dado: a liberação do endereço eletrônico amazon.com.br, que, depois de uma longa batalha judicial, saiu das mãos de uma empresa de tecnologia do Pará e está sob domínio da gigante mundial do comércio eletrônico.
“O Brasil tem ambição”
Werner Vogels, vice-presidente da Amazon, é o executivo responsável por desenvolver toda a tecnologia da companhia. Ele veio ao Brasil no mês passado e visitou clientes da Amazon Web Services (AWS), divisão de serviços de computação em nuvem. Nesta entrevista exclusiva à DINHEIRO, Vogels fala sobre a atuação dessa divisão da companhia no Brasil.
Qual a avaliação do sr. sobre os desenvolvedores brasileiros?
Ótima. São técnicos, se preocupam bastante com a segurança e em como fazer computação em alta velocidade. Isso demonstra que o Brasil tem ambição.
Quais são os resultados da AWS no Brasil até o momento?
Não revelamos esse tipo de número. Posso dizer que o Brasil , atualmente, abriga mais da metade da nossa dezena de milhares de clientes. E, nesse ritmo, a AWS pode superar os resultados da nossa operação de varejo, em breve, que nos EUA chega a US$ 40 bilhões.
Qual é o tamanho da nuvem da AWS no Brasil?
Também não revelamos esse dado. O número de objetos guardados dobra ou triplica de ano em ano, sempre. Hoje, nas oito regiões nas quais a AWS opera, temos mais de um trilhão de arquivos. O crescimento da região é similar ao que vemos em outras regiões.