06/10/2004 - 7:00
O Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, é conhecido por concentrar as maiores empresas de tecnologia do mundo: Google, Yahoo, Oracle… É o Estado onde os atores de Hollywood tornam-se governadores. Vide Ronald Reagan e Arnold Schwarzenegger. Mas é também o lugar onde mora o homem que transformou o vinho da terra do Tio Sam em sinônimo de excelência. Robert Mondavi, um americano filho de imigrantes italianos, criou uma das maiores vinícolas do planeta e pôs a bebida californiana ao lado de ícones de Bordeaux. Construiu um império que fatura US$ 468 milhões. Agora, Mondavi se vê no meio de uma disputa entre os seus filhos Tim e Michael. Os dois brigam pelo controle da empresa que leva o nome da família e decidiram se desfazer dos principais rótulos dos Mondavi. Anunciaram que venderão as marcas de luxo como o Opus One e o Seña e se concentrarão em bebidas mais baratas. ?Os filhos do Mondavi estão acabando com o que o pai criou?, diz Arthur P. Azevedo, vice-presidente da Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo.
A notícia caiu como uma bomba no mundo da viticultura, principalmente porque vai contra tudo o que o patriarca construiu. Mondavi, hoje com 91 anos, foi o precursor do vinho fino na Califórnia. Fundou a empresa, em 1966, e deu tacadas de mestre que nenhum produtor do Novo Mundo conseguiu vislumbrar. Ele foi, por exemplo, o primeiro a unir-se a uma tradicional vinícola do Velho Mundo. Ao lado da família Rothschild, os produtores do famoso Mouton Rothschild, criou o Opus One. ?É um vinho de primeira linha?, diz Azevedo. O mesmo aconteceu no Chile com a formação de uma parceria com a Chadwick, que originou no Seña. Agora, com o anúncio da venda, tudo vai por água abaixo. A história parece pregar uma peça em Mondavi. Em 1943, ele fez o pai Cesare comprar a vinícola Charles Krug, uma produtora de vinhos finos. Trabalhou na empresa por mais de duas décadas até brigar com o irmão Peter e fundar a própria vinícola. No Brasil, os representantes da Mondavi não se pronunciam sobre o assunto. Mas a julgar pela história da família, uma nova safra de vinhos vem por aí.