O empresário Roman Abramovich deve estar se mordendo de inveja. O poderoso magnata russo, dono de uma fortuna de mais de US$ 13 bilhões, detinha o título de possuidor do maior e mais caro iate do mundo, o Eclipse. Sua embarcação custou US$ 500 milhões e mede 170 metros. Bom, no quesito tamanho, Abramovich continua campeoníssimo. Mas, no do preço, foi miseravelmente desbancado por Robert Kuok, o homem mais rico da Malásia. Segundo alguns veículos da mídia internacional, o octagenário malaio, que, entre outros empreendimentos, controla a maior empresa de agronegócios da Ásia (Wilmar), teria comprado, há cerca de duas semanas, o History Supreme pela bagatela de US$ 4,8 bilhões. 

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Por que pagar um preço tão alto por uma embarcação de apenas 30,5 metros de comprimento? Os mais de 100 mil quilos de ouro e platina ajudam a explicar parte desse valor. Os preciosos elementos estão presentes em várias partes do iate, como nas cadeiras do deque e no casco, que é todo revestido pelo metal dourado. Dois outros materiais, que revestem as paredes da suíte master, também entram na conta bilionária do pacote náutico: cascalho de meteorito e pó de osso de Tiranossauro Rex. Ainda nesse cômodo, um aquário fabricado com cerca de 70 quilos de ouro também é destaque da decoração. A obra de arte aquática levou três anos para ficar pronta e é assinada pelo excêntrico designer inglês Stuart Hughes, baseado em Liverpool, no litoral da Inglaterra. 

 

Sua predileção por incluir metais e pedras preciosas em todas as peças que cria e customiza corre o mundo  e o credenciou para essa encomenda megalômana. Entre os produtos exibidos nas vitrines de Hughes estão uma tevê de 55 polegadas decorada com ouro rosa e diamantes (US$ 2,4 milhões), um iPhone incrustado por cerca de 500 diamantes ( US$ 8 milhões) e uma cama com dossel folheada a ouro (US$ 6,5 milhões). “Nunca vi nada parecido com essa embarcação”, diz o engenheiro naval brasileiro Abraham Lincoln Rosemberg, baseado em Santos, com 25 anos de profissão. Segundo Rosemberg, é comum na indústria naval o uso de um tipo de tinta que contém ouro para dar o efeito do metal em barcos e construções. Mas foi difícil convencê-lo de que o History Supreme existia além da tela do computador.  

 

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Wilfredo Schurmann, o patriarca e capitão da famosa família de navegadores brasileiros, que deu a volta ao mundo por duas vezes, não só achou a embarcação crível como também incrível. “Já estive em barcos cujas peças dos banheiros, como torneiras e pias, eram de ouro”, afirmou Schurmann. “Mas com o casco de ouro, nunca tinha visto.” Schurman chega a elogiar a beleza e a robustez do iate. “O ouro tem uma grande durabilidade e creio ser um material interessante para um veiculo como esse”, afirma.  O experiente velejador só acha que para Kuok sair por aí, usando e abusando de seu novo brinquedo, terá de contratar a Swat – considerando que a pirataria não existe só nos filmes de ação, estrelados pelo astro de Hollywood Johnny Depp, e é bem real.