10/11/2000 - 8:00
O ex-publicitário e presidente do IG Nizan Guanaes promete torcer de vez o nariz daqueles que até agora não se convenceram de que um portal conhecido pelo seu serviço gratuito possa, um dia, fechar as contas no azul. No final deste mês, os 200 funcionários do Internet Group, o novo nome da empresa, estarão realizando todas as suas tarefas cotidianas em um site especial de Internet, o IG Office. Após digitarem uma senha, eles terão acesso a um canal de notícias especializadas, uma conta de e-mail, um mensageiro instantâneo (compatível com o ICQ), uma agenda, uma rede privada de televisão, um bloco de notas e uma sala de bate-papo. Será um grande teste. Em janeiro, essa ferramenta deixará de ser exclusiva do IG e entrará em outros cinco escritórios. ?Uma meta conservadora é que esse produto corporativo conquiste 100 mil usuários até dezembro de 2001, o que gerará receitas de R$ 18 milhões?, adiantou Guanaes à DINHEIRO. ?Considerando esse potencial, o IG Office se tornará um provedor pago maior que a AOL brasileira.?
O novo serviço vem no rastro de uma série de outras iniciativas. Quando lançou o IG em janeiro, nem mesmo Guanaes sabia ao certo como ele iria sobreviver. ?No início, não tinha nenhuma idéia do que era Internet?, confessa. As oscilações na Nasdaq e a falência de outros provedores de acesso gratuito, contudo, obrigaram o IG a pensar em meios para ganhar dinheiro com o www. Com isso, aquilo que no começo não tinha um contorno definido começou a despejar sucessivos produtos pagos no mercado. Hoje o IG vende pizza, flores, notícias no celular e tem até um portal de negócios, feito em parceria com o site Mercado Eletrônico. Já anunciou o lançamento da TV IG, de uma rádio e de um provedor de acesso rápido. Segundo seus críticos e concorrentes, tudo não passa de perfumaria. Mas desta vez Guanaes e seus colegas estão convictos de que suas ambições não passarão despercebidas. ?O IG Office tem o potencial de ser a maior fonte de receitas do IG?, diz o inglês Paul Heath, responsável pela nova ferramenta. ?Não estaremos disputando usuário por usuário, como faz o UOL. Vamos fechar negócios com empresas que, de uma só vez, trarão 5 mil ou 10 mil consumidores?, diz Heath.
Entre as empresas que já fecharam com o IG Office estão uma companhia aérea, uma academia de ginástica e duas da área de saúde. A única cujo nome pode ser divulgado é a Alta, que vende soluções de telecomunicações para 200 empresas no Brasil. ?Uma das maiores vantagens do produto é que o usuário pode acessar as suas ferramentas de qualquer micro ligado na rede?, diz Edison Morais, diretor-presidente da Alta. Além disso, a empresa não precisa ter equipamentos muito potentes, já que todo documento salvo é armazenado nos computadores do IG. Pode optar, ainda, por colocar anúncios na sua página e compartilhar os dividendos com o IG. ?Essa iniciativa reforça a idéia predominante no mercado de que o importante é ter faturamento?, diz Sérgio Pretto, diretor de tecnologia do Terra Lycos. Assim como o IG, o portal espanhol vem investindo nos clientes corporativos. Com uma mensalidade de R$ 35, o Terra Empresa hospeda uma página na Internet e pode adicionar a ela salas de bate-papo e bancos de dados. ?Dos nossos clientes empresariais, um em cada cinco tem uma página para integrar os próprios empregados?, diz Pretto. Em torno de 15% do faturamento do portal, conta, vem do mercado corporativo, o que dá entre US$ 8 milhões e US$ 9 milhões anuais. O leque de opções não é tão variado quanto o que será ofertado pelo IG e a forma de cobrança também é diferente. Nas contas do IG Office, a unidade de medida é o número de usuários finais. O portal cobrará R$ 15 mil por mês para companhias com menos de 800 funcionários. Nos cálculos, é como se a empresa pagasse R$ 18 por empregado ? um preço bastante similar ao dos portais que oferecem acesso às pessoas físicas. E a comparação não é ao acaso. ?Em dois anos, podemos ter a metade do número de internautas que o maior provedor brasileiro?, diz Heath.