23/12/2009 - 8:00
Até maio deste ano, Susan Boyle era uma escocesa de 47 anos, anônima e desempregada. Era. Depois de aparecer no programa de calouros da Inglaterra Britain?s Got Talent e surpreender o público com um tremendo vozeirão, Susan tornou-se fenômeno da música com mais de 200 milhões de acessos no YouTube. Nos bastidores dessa indústria da fama instantânea, um homem aplaudiu a história como poucos. O britânico Tony Cohen, CEO da inglesa FremantleMedia, detentora dos direitos de programas como Ídolos, Britain?s Got Talent e O Aprendiz, entre outras 60 atrações, conseguiu, com o fenômeno Susan Boyle, mais uma vez, transformar seu negócio em mania mundial. ?Distribuímos conteúdo para 150 países?, disse Cohen à DINHEIRO em sua recente visita ao País. ?Em um futuro próximo, queremos produzir programas no Brasil e exportar para o resto do mundo?, diz o executivo, que já vende dois de seus sucessos, os programas Ídolos e O Aprendiz, para a Rede Record.
Mesmo se Susan não tivesse aparecido, a FremantleMedia já teria o que comemorar. A empresa fechou 2008 com um faturamento de ? 1,2 bilhão e foi uma das responsáveis pelo crescimento de 1,2% do conglomerado de mídia RTL (que faturou ? 5,7 bilhões), dono da FremantleMedia e de outros canais de televisão como o alemão RTL e o inglês Channel 4. Além disso, a empresa selou uma parceria com o site YouTube para criar canais dentro do portal de compartilhamento de vídeos. ?Acredito que no futuro, internet e televisão serão a mesma coisa. Ao ligar a tevê, será possível acessar a internet e vice-versa?, diz Cohen. Enquanto isso não acontece, a empresa se apega aos números da audiência. São 26 milhões de espectadores de Ídolos nos EUA e a versão brasileira alcança picos de 19 pontos no Ibope. E, quanto maior a audiência, maiores são os lucros da empresa detentora do formato. Dependendo do acordo, ela divide parte do faturamento de publicidade e merchandising com a emissora.
?O mercado brasileiro é muito ativo?, diz Carlos Gonzales, presidente da FremantleMedia para a América Latina. Seu maior concorrente, a Endemol, que trouxe o Big Brother, também se adaptou bem ao País. ?No Big Brother Brasil, os anunciantes de 2009 já confirmaram presença em 2010?, diz José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, diretor do BBB. ?Esse tipo de programa tem uma enorme audiência e traz retorno aos anunciantes?, diz Luiz Lara, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade. ?Mas só tem eficácia se o produto for condizente com o programa?, completa. Além disso, a sede por audiência pode elevar a agressividade entre as emissoras. A FremantleMedia, por exemplo, trouxe Ídolos ao Brasil, em 2006, em parceria com o SBT. A emissora exibiu duas temporadas do programa, até que a FremantleMedia decidiu fazer a terceira temporada com a Record. O SBT, mais tarde, lançou Astros, que tem uma fórmula semelhante à do Ídolos.
?Nossa habilidade de produzir programas está baseada em direitos autorais. E sempre seremos agressivos para defender nossos direitos?, manda o recado Tony Cohen.