Embriagado com as vitórias políticas que o fizeram palco da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, o Brasil celebrou, antes da hora, sua chegada ao futuro. Vislumbrou os investimentos em infraestrutura, os impulsos na tecnologia, a transformação positiva na imagem do País no Exterior e, com isso, a justa elevação da autoestima dos brasileiros. Não era um sonho. Há exemplos de sobra sobre o poder dos grandes eventos internacionais no desenvolvimento das cidades e dos países que os sediam. A questão é fazer acontecer. O tal futuro se aproxima e os nossos avanços são lentos, quando não inexistentes. E a sensação de que podemos perder uma, ou melhor, duas oportunidades de dar saltos rumo à modernidade começa a nos assolar. 

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Agora esqueça os aeroportos, as estradas, os metrôs, os estádios, os atletas. Pense em outras disputas em que o Brasil está envolvido e nas quais também tem oportunidade de ganhar posições e não o faz. Uma das dez maiores economias do mundo, o País é apenas o 53º no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. Pesa aqui, contra nós, não só a defasada infraestrutura, mas, sobretudo, a dificuldade em modernizar o Estado. Em vez de incentivar a incrível aptidão empreendedora do brasileiro, nossos governos muitas vezes jogam contra e emitem sinais negativos, como bem mostram dois exemplos restantes. Para “proteger” empregos na indústria automobilística local, aumentou-se a tributação do produto importado. 

 

Numa nação competitiva, o movimento seria contrário: diminuir a taxação para quem produz aqui e investe em tecnologia. Assim teríamos carros melhores e mais baratos para competir com os que vêm de fora. Na semana passada, a mesma boa causa de assegurar postos de trabalho e direitos aos empregados justificou a entrada em vigor de outro instrumento inibidor de investimentos. A ampliação do prazo de aviso prévio para demissões de 30 para 90 dias garante apenas mais custo para quem contrata e faz as empresas pensarem duas vezes mais antes de abrirem novas vagas. Quem não tem emprego não usufruirá desse direito. Nem do futuro que não chegará até que entendamos que, para vencer, é importante competir.