24/09/2008 - 7:00
O IPHONE 3G, MAIS BADALADO APArelho de celular do momento, chega ao Brasil nesta semana. A partir da sexta-feira 26, o modelo começa a ser vendido em São Paulo para clientes da operadora Vivo, por um preço na faixa de R$ 1,5 mil. A estréia transforma o País no mais novo campo de batalha de duas velhas rivais. À espera da Apple, fabricante do iPhone, outra companhia americana, a RIM, vai reforçar os holofotes sobre seu principal produto, o também recém- chegado BlackBerry Bold, comercializado aqui por aproximadamente R$ 1,4 mil. Nos Estados Unidos, os produtos custam US$ 199 e US$ 400, respectivamente. Ou seja, ao contrário do que acontece com os americanos, a escolha do consumidor brasileiro não será decidida pelo bolso. Por isso, a RIM decidiu usar armas novas no embate nacional e não pretende medir esforços para tornar o seu produto ainda mais competitivo por aqui. “Percebemos que o único jeito de baixar efetivamente o preço era fabricar a linha Black- Berry no Brasil. É o que estamos dispostos a fazer”, revelou Angel Aldana, gerente-sênior de alianças para a América Latina da RIM, à DINHEIRO. O executivo, no entanto, não precisou uma data.
Não é de hoje que o Brasil está no centro da estratégia comercial da fabricante. Assim como os outros integrantes do chamado BRIC (sigla que reúne as iniciais dos principais países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China), o País tem direito a uma cota especial para investir em marketing. “Queremos que o brasileiro fique mais familiarizado com a nossa marca”, afirma Aldana. A medida faz parte de uma estratégia global adotada pela empresa. A RIM quer suavizar a forte imagem corporativa que tem, visando se aproximar mais do consumidor final. É só fazer um teste e perguntar a seus amigos qual a primeira marca de smartphone que lhes vem à cabeça. Provavelmente, responderão o iPhone. Diferentemente do tradicional BlackBerry, o telefone da Apple tem um design diferenciado, é mais leve e simples de manusear. Tais características atingem um público mais variado e volumoso do que o do segmento corporativo. “Finalmente as fabricantes entenderam que o consumidor final também se interessa pelos serviços de um smartphone”, afirma o analista Bernardo Tinoco, da GfK Marketing Services Brasil. “Isso é igualmente benéfico para as operadoras, que passaram a faturar mais com o aumento de tráfego de dados gerado por esses aparelhos.”
Na expectativa de acompanhar a tendência do mercado, a RIM apresentou uma nova de linha de produtos. As habituais cores escuras deram espaço para aparelhos em tons rosa, para atrair o público feminino. A grande tacada, porém, veio com o lançamento do BlackBerry Pearl. Com um design moderno e funções de fácil acesso, a fabricante diz ter praticamente quintuplicado seu volume de vendas. “A média de idade de nossos clientes, que antes era de 32 anos, baixou para 25”, conta Aldana. A empresa não só entendeu a expectativa do mercado como passou a lançar novas tendências. É o caso do primeiro BlackBerry com flip, que apresentou recentemente, para atrair um público ainda mais jovem.
A renovação do portfólio da fabricante parece estar no caminho certo. No ano fiscal de 2008, o faturamento da companhia alcançou a marca dos US$ 6 bilhões, um crescimento de 98% sobre os US$ 3 bilhões do ano anterior. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IDC, no primeiro trimestre do ano, nos Estados Unidos, as vendas de BlackBerry, da RIM, subiram para 44,5% do total, aumento em relação aos 35,1% do quatro trimestre do ano passado. No mesmo período, a participação do iPhone caiu de 26,7% para 19,2% – antes, porém, do lançamento da versão 3G do aparelho. A próxima meta a ser batida pela RIM é transformar o Brasil em seu maior mercado na América Latina, no lugar do México. A construção da fábrica brasileira deve ser o fator decisivo para atingi-la.