14/06/2013 - 6:09
Durante uma filmagem, quando percebe que não está conseguindo fazer uma cena de modo satisfatório, o cineasta canadense James Cameron utiliza uma tática que aprendeu em suas expedições submarinas. ?Não importa se estamos no meio do dia, eu paro tudo e reúno minha equipe diante de uma grande mesa e digo: chegamos à parte pela qual vamos ser lembrados no futuro pela inovação que conseguirmos desenvolver?, afirma. ?A situação não está divertida agora, mas, se encontrarmos uma solução, vamos rir disso tudo algum dia.? Com essa abordagem, o diretor de alguns dos maiores sucessos de Hollywood, como Titanic e O Exterminador do Futuro (veja quadro abaixo), conseguiu encontrar saídas para grandes desafios técnicos na realização, em 2009, do blockbuster Avatar.
Cena pop: a Carreira de cameron inclui ícones da cultura pop,
como o exterminador, e filmes para românticos, como Titanic
O filme de maior receita da história do cinema arrecadou cerca de US$ 2,8 bilhões nas bilheterias de cinemas ao redor do mundo. Nas poucas vezes em que a solução para um problema parecia ser muito complexa e custosa, ele dizia: ?Vamos consertar isso na sequência?. É exatamente o que Cameron e sua equipe estão fazendo agora, ao longo do desenvolvimento das ferramentas que lhe permitirão, mais uma vez, surpreender o público e o estúdio Twentieth Century Fox, que produz as continuações de Avatar. O trabalho envolve a criação de um novo software que deve melhorar a resolução na digitalização das imagens dos atores, além da finalização do roteiro.
Apesar da expectativa do mercado cinematográfico de que a primeira sequência esteja pronta até o fim de 2015, Cameron não arrisca cravar uma data de lançamento de Avatar 2 e 3, que serão filmados simultaneamente. Mas ele já anuncia uma novidade. Haverá um quarto filme para contar as origens de toda a saga, cujo primeiro roteiro o cineasta canadense começou a escrever em 1995. Existe também outro motivo mais prosaico para um filme adicional. ?Vamos precisar do Avatar 4 como uma espécie de garantia para o retorno do investimento que está sendo feito pela Fox?, diz o diretor. Cameron foi um dos palestrantes do evento realizado em Londres, no final de maio, pela agência de publicidade digital e empresa de tecnologia SapientNitro, dos Estados Unidos.
Mais que apenas contar histórias, a tarefa de um cineasta da estatura de Cameron é viabilizar as produções. Um instrumento muito usado para isso é o merchandising, que se constitui em um problema adicional no caso de Avatar. ?Não dá para colocar marcas atuais num filme que se passa no ano de 2160?, diz o cineasta. ?Se fosse uma história contemporânea, eu entupiria o filme de produtos.? Uma forma de driblar essa dificuldade no primeiro Avatar foi a realização de promoções no mundo real, apoiadas por marcas globais como McDonald?s, LG, Coca-Cola, Panasonic e Mattel. No total, elas renderam cerca de US$ 100 milhões. Mas não é apenas por conta das sequências de Avatar que Cameron vem assumindo riscos empresariais ou vivendo desafios técnicos.
Entre outubro e novembro, ele pretende lançar seu novo documentário, ainda sem nome definido, sobre a filmagem em 3D que fez do ponto mais profundo do Oceano Pacífico. Em 2012, o cineasta desceu a 11 mil metros, no interior da cápsula Deepsea Challenger, desenvolvida por seu irmão Michael. Com ela, Cameron registrou imagens dos animais e coletou dados científicos. Parte dos custos foi bancado pela revista National Geographic. Outra fronteira a ser explorada por Cameron é o espaço. Ele figura na relação dos investidores da Planetary Resources, empreitada na qual tem entre seus sócios Larry Page, do Google. A empresa nasce com a ambição de faturar com a mineração de asteroides que passam próximos à Terra. ?Hoje a única limitação para um cineasta é a imaginação, não a tecnologia?, diz. Ao que parece, isso vale também para suas tacadas empresariais.