07/11/2012 - 21:00
A família Lacoste está mais para um serpentário do que para um bando de jacarés. Isso porque o clã de herdeiros do francês René Lacoste, o tenista que criou a marca de produtos esportivos de luxo em 1933 e inventou a camisa polo, está enrolado em uma briga pelo controle da companhia. A disputa envolve, de um lado, Michel Lacoste, 68 anos, filho do fundador da companhia e até o mês passado seu presidente. Ele é dono de uma fatia de 30,3% da empresa em conjunto com seu irmão François, duas sobrinhas e seus filhos, que o apoiam.
Do outro lado está Sophie Lacoste Dournel, 36 anos, filha de Michel, que o destituiu do cargo com o apoio de outros primos e assumiu a operação da marca, cujo símbolo é um jacaré. Sophia e seus aliados detêm, agora, controle de 34,7% da Lacoste. O desfecho dessa história pode ser a mudança de dono e de nacionalidade da marca. Após ser destituído do cargo, em reunião do conselho de administração, no fim de setembro, Michel demonstrou que não estava disposto a ficar fora do jogo, preparando um bote em sua filha. Ele está ameaçando vender sua participação na Lacoste para a Devanlay, licenciada mundial da grife para a produção e distribuição de roupas, que já detém 35% do capital da Lacoste.
Michel: ex-CEO da companhia francesa alega que Sophie
não tem competência para comandar uma empresa de sucesso
O grupo familiar suíço Maus Frères, por sua vez, controla 90% da Devanlay e já assinou um acordo para comprar as ações das pessoas ligadas a Michel pelo qual aceita pagar entre € 1 bilhão e € 1,25 bilhão pela marca do jacaré. A briga, no entanto, não deve parar por aí. O clã Lacoste tem preferência na compra da outra parte da família e precisa fazer a oferta em um mês. Contudo, Michel está determinado a vender suas ações para os suíços. Segundo suas declarações à imprensa francesa, essa seria a saída para evitar que o futuro da grife ficasse em risco.
Sophie: atriz e diretora de teatro, junto com seus apoiadores, detém
a maior fatia da empresa, com 34,7% das ações
No Brasil, a Devanlay divide o controle das operações da marca com o grupo argentino Exxel. O ex-CEO da Lacoste entrou também na Justiça para destituir Sophie da presidência da Lacoste, sob a alegação de que ela não tem competência para tocar os negócios da família. A nova presidenta, que é atriz e diretora de teatro, é formada em administração de empresas. Até que o imbróglio seja resolvido na Justiça, caberá a ela conduzir uma empresa que está presente em mais de 100 países, emprega 20 mil funcionários diretos e indiretos e deve faturar, a despeito dos conflitos internos, € 1,8 bilhão em 2012, um recorde em sua história.
