Lula aos poucos se despede do Sucatão, o trintão Boeing 737-300 presidencial, já próximo da aposentadoria. Como o governo não esconde de ninguém o interesse em trocar de aeronave, despontam no horizonte gigantes do ramo interessados em transportar a trupe brasileira. Na semana passada, o presidente e sua equipe de ministros e assessores embarcaram para Lisboa a bordo de um ACJ, o Corporate Jetliner, modelo executivo construído pelo consórcio europeu
Airbus. A aeronave, emprestada pelos europeus, é uma
adaptação do A319. Se Lula aprová-lo, poderá vir a ser comprado pela Força Aérea Brasileira (FAB). ?A Airbus vai oferecer ótimas condições de financiamento para o governo brasileiro?, diz Mario Sampaio, consultor da empresa no Brasil.

O preço da máquina, que varia de US$ 45 milhões a US$ 50 milhões, dependerá, em parte, do gosto do presidente. A Airbus fabrica o ACJ de forma personalizada. São sete configurações, com possibilidade para abrigar de 18 a 40 assentos. A versão mais luxuosa é a com menor número de poltronas. Tem uma suíte com direito a chuveiro. Há três salas de reuniões privativas e um escritório. Os assentos se transformam em camas. Nos momentos de tédio, em vôos que podem chegar a 12 horas, os passageiros aproveitam para assistir um filme no home theater ou acessar a internet. A alternativa para os que têm medo de avião é relaxar no sentado no bar.

Briga de gigantes. O ACJ é uma aeronave de sucesso. Os últimos
que a testaram, decidiram comprá-la. Voam nela os chefes de
Estados da Itália, França e Venezuela. Executivos de empresas
como Daimler Chrysler e xeques árabes usufruem a mordomia. O presidente Lula, entretanto, terá um grande dilema pela frente.
Ele também já voou no Boeing Business Jet (BBJ), da empresa de Seattle. É briga de gente grande. O BBJ tem as mesmas características quando o assunto é conforto e o preço é quase o mesmo. A principal vantagem do ACJ, da Airbus, é que a capacidade do tanque de combustível pode ser dobrada e a sua fuselagem é a mesma do A319. Ou seja, ele pode ser usado tanto para viagens executivas como para vôos comerciais. Isso faz com que o seu valor de mercado não caia e a revenda seja mais fácil.