04/03/2011 - 9:00
As paisagens nativas do Brasil já encantaram conquistadores de todas as partes do mundo. E até hoje hipnotizam os estrangeiros que querem fincar bandeira por aqui. É nesse território, bem como em alguns bons quilômetros de asfalto, que a americana Harley-Davidson (H-D) está interessada. Bem interessada.
A lendária marca de motos, depois de assumir suas operações no País, no início de fevereiro, com o afastamento dos antigos representantes, quer contaminar o brasileiro com seu estilo de vida libertário.
Traduzindo, quer ver profissionais bem-sucedidos, entre 35 e 60 anos, montados nos modelos mais potentes e caros de suas motos, que viraram ícone do povo aventureiro, rodando pelos quatro cantos do Brasil.
Van Genderen lança 13 dos 28 modelos da empresa no mercado brasileiro
Estilo esse de vida, diga-se, que se parece muito ao de Mark Van Genderen, 42 anos, vice-presidente da Harley-Davidson Motor Company para a América Latina. Descendente de alemães e holandeses, mesmo tendo sido criado na gelada cidade americana de Holland, em Michigan, a paixão de Van Genderen por motos não esfriou.
Ele passou e passa a vida sobre duas rodas. Já na faculdade, chamava a atenção dos colegas, porque preferia a moto ao carro para chegar a tempo para o início das aulas. ?Naquela época eu ainda não tinha uma Harley-Davidson?, diz Van Genderen, que só comprou seu primeiro modelo da marca aos 29 anos. Foi amor à primeira acelerada.
Sua paixão pela grife é tanta que, quando se casou, em 2001, ele e a mulher montaram num modelo Road King Classic, após deixarem a igreja, e partiram para a lua de mel. Nem mesmo o frio de três graus centígrados os impediu de saírem desfilando pela Michigan Avenue, em Chicago, depois da cerimônia.
?Espero que meus filhos, que ainda são pequenos (ele tem um de dois e outro de cinco anos), possam usar essa moto para o mesmo fim?, diz Genderen, que hoje mora na ensolarada Miami, na Flórida.
Ele, a mulher, os dois filhos e três Harley na garagem: além da Road King, uma Sportster 883R e uma Touring. ?Espero aproveitá-las melhor neste ano, já que onde moro o tempo é sempre bom?, diz.
Inspirado nas boas condições climáticas do Brasil, mais que nas de infraestrutura de transporte, Genderen confia no aumento das vendas da H-D por aqui. O País é o principal foco de investimentos da marca, em 2011, pois representa 50% das vendas da América Latina.
?Este ano, iremos investir basicamente em pontos de vendas e distribuição?, afirma Longino Morawski, diretor-superintendente comercial da Harley-Davidson no Brasil.
Morawski confirma que, neste primeiro ano, vai manter modelos das cinco famílias da marca ? Sportster, Dyna, Softail, Touring e VRSC ? à venda em lojas credenciadas pela marca. ?Vamos trazer 13 dos 28 modelos disponíveis da Harley?, diz.
Ele garante que as motos mais clássicas, como a Fat Boy (US$ 16 mil), da família Softail, campeã de vendas, bem como a Ultra Classic Electra Glide (a partir de US$ 21 mil), a mais luxuosa, com assentos maiores e equipada com sistema de áudio com quatro alto-falantes, conexão para iPod e 80w de potência de som, estarão disponíveis em algumas semanas nas duas novas concessionárias já credenciadas pela H-D, em São Paulo e Belo Horizonte. Segundo Morawski, até o fim de 2011 serão abertas mais 12 concessionárias nas principais capitais do País.
A intenção também é vender no mercado brasileiro os acessórios que ajudam a propagar a fama da Harley-Davidson pelo mundo. Principalmente as peças de vestuário, responsáveis por 10% dos US$ 222 milhões de seu faturamento mundial.
?Queremos abrir duas butiques da marca no Brasil. Uma no aeroporto de Brasília e outra no de Guarulhos?, diz Morawski. A empresa possui, ainda, a divisão Harley-Davidson de Produtos Motorclothes, que desenvolve parcerias com fornecedores para lançar ?filhotes? de seus produtos.
Nos EUA, a cada motocicleta vendida o cliente leva mais US$ 3,5 mil em acessórios para casa. Morawski espera que aqui essa venda extra chegue a R$ 5 mil por unidade. ?Hoje, o aficionado encontra tudo da grife. De óculos de sol a babadores para criança?, diz Genderen. ?Harley-Davidson não é uma marca, é um estilo de vida.?