05/09/2012 - 21:00
Lá está ela de novo na sua tevê. A Orbit, imensa torre escarlate de 115 metros de altura, feita de aço contorcido numa espiral, rivaliza na cena com o Estádio Olímpico de Londres –também uma estrutura metálica, mas bem menos polêmica. Goste-se ou não, o fato é que a gigantesca armação virou um dos símbolos da Olimpíada e, agora, da recém-iniciada Paralimpíada. E, quando as festas esportivas acabarem, ficará como o ícone da recuperação daquela que já foi a mais degradada região da capital inglesa, o East End. Pode, ainda, entrar para a história corporativa como um marco na trajetória de Lakshmi Mittal, o indiano que se tornou o homem mais rico da Inglaterra, dono da maior companhia siderúrgica do mundo, a ArcelorMittal, e responsável pela doação do monumento de US$ 35 milhões para a cidade de Londres.
“Sonho em deixar um legado e estou no caminho de atingir esse objetivo” – PRESENTE: A Torre
Orbit, erguida ao lado do Estádio Olímpico, custou R$ 70 milhões
e foi doada por Mittal para a cidade de Londres
Durante boa parte do período olímpico ele postou-se aos pés da Orbit e, como um bom anfitrião, recebeu os visitantes que pagavam 15 libras (cerca de R$ 50) para tomar o elevador e ter direito à melhor vista do Parque Olímpico. Ali, recebeu também a rainha Elizabeth II, a quem explicou a complexidade e os desafios de erguer uma torre daquelas.
– Ela é sua? – perguntou a soberana, impressionada.
– É nossa, Sua Majestade – respondeu o bilionário.
O curto diálogo significou, para Mittal, retorno para cada centavo investido na Orbit.
Com o reconhecimento real ele começava a concretizar o sonho de renovar também a sua imagem, saindo da fileira dos empresários arrojados, mas arrogantes e perdulários e ingressando na turma dos poderosos filantropos. “Queria ajudar a construir algo que fosse icônico e se tornasse um símbolo não apenas para a Olimpíada, mas também para Londres, contribuindo para a revitalização da região”, disse Mittal à DINHEIRO, em uma rara e rápida entrevista exclusiva. “Sonho em deixar um legado e acredito que estou no caminho de atingir esse objetivo.” O que fará a seguir, disse ainda não saber. “Ainda estamos saboreando Londres 2012”, afirmou (leia trecho da entrevista ao final da reportagem).
Queda no ritmo de produção da europa, como na planta de marselha, na França,
motiva investimentos em novos mercados.
ARSENAL DE TACADAS Assim como os Jogos encerram um ciclo de quatro anos e iniciam um novo, o homem do aço agora olha em frente. A tocha olímpica chega ao Rio de Janeiro em 2016, mas Mittal quer o Brasil sobre sua mesa desde já. Ele determinou aos seus dois principais executivos no País – Jefferson de Paula, CEO da divisão de aços longos para as Américas, e Benjamin Baptista Filho, CEO para aços planos na América do Sul – que levem a ele, em novembro próximo, um amplo diagnóstico de oportunidades de negócios em solo brasileiro, que deve superar R$ 10 bilhões nos próximos cinco anos.
O arsenal de tacadas deve conter investimentos e aquisições nas áreas em que o grupo ArcelorMittal já atua e também em novas frentes que apresentem potencial de crescimento e lucro. A tarefa é desafiadora, mas a conjuntura econômica joga a favor dos executivos brasileiros. O próprio Mittal confidenciou a assessores estar impressionado com os números previstos para as obras de infraestrutura incluídas no plano de R$ 133 bilhões, anunciado recentemente pela presidenta Dilma Rousseff. Na companhia já se calcula que isso demandará um significativo aumento na produção nacional de aço, que somou 34,6 milhões de toneladas nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Aço Brasil.
As obras da Copa do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, dois anos depois, também colocam o Brasil na mira das estratégias globais do grupo e ajudarão a convencer Mittal a manter o País como prioridade máxima dentro do cronograma de investimentos. Soma-se a isso a perspectiva de crescimento do mercado automobilístico do País – setor em que a companhia é líder no fornecimento de aço, responsável por 35% de tudo que as montadoras compram. As projeções indicam que a atual capacidade de quatro milhões de carros por ano será ampliada para algo em torno de 5,5 milhões até 2015, cenário que exigirá uma expansão na produção da ArcelorMittal.
No ano passado, as vendas da empresa no País foram de 10,3 milhões de toneladas, incluindo todos os tipos de metais. E mais: o plano ferroviário recém-lançado pelo governo federal, que prevê a construção de dez mil quilômetros de linhas em duas décadas, abre uma inédita oportunidade para a siderurgia. Como o Brasil não produz sequer um metro de trilho de trem, a empresa não descarta a possibilidade de começar a produzir no País. A ArcelorMittal é, atualmente, líder mundial em produção de trilhos em sua fábrica na Polônia, e a principal fornecedora também do mercado brasileiro.
Investimento a caminho: a unidade de aço laminado Vega (à esq.), em Santa Catarina, deverá ampliar a produção
de 1,4 milhão para 2 milhões de toneladas de aço, e expandir para 4,5 milhões de toneladas na planta de Tubarão
Com todos esses números e perspectivas debaixo do braço, o primeiro a sentar frente a frente com o bilionário indiano será Jefferson de Paula, um carioca de Barra Mansa, CEO da companhia nas Américas, homem de confiança do senhor Mittal, como ele faz questão de chamar. O executivo mostrará para seu chefe, com todos os argumentos que está rascunhando desde já, que o Brasil possui um dos horizontes mais promissores de todos os tempos para a companhia. A conversa promete ser longa. Primeiro porque o plano de negócios para os próximos cinco anos tem como meta ampliar a liderança na participação da companhia nas vendas de aço do País, hoje de 15,5%, à frente do 12,5% da CSN e dos 12,2% da Usiminas.
“Somos o maior grupo siderúrgico do mundo e o maior do Brasil. Por isso, precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir e aumentar ainda mais essa vantagem”, afirma De Paula. “O senhor Mittal já nos decretou que isso é prioridade. Então, temos sinal verde para apresentar um ousado e agressivo plano de negócios, trabalhando todo dia para sermos os maiores do mundo.” A primeira medida a ser proposta para Mittal será a retomada dos investimentos de R$ 3 bilhões na unidade de Monlevade, em Minas Gerais, para dobrar a capacidade de produção para 2,4 milhões de toneladas de aço por ano. O plano, já aprovado pela matriz desde o ano passado, foi suspenso em novembro, diante da desaceleração do ritmo industrial do País.
Jefferson de Paula, CEO para Américas: “Temos sinal verde
para apresentar um ousado e agressivo plano de negócios”
Agora, com a perspectiva de reaquecimento da economia no segundo semestre e em 2013, o projeto se torna fundamental, segundo De Paula, para os planos de manter a liderança da companhia no País. “Aprendemos com o senhor Mittal que desinvestir é tão importante quanto investir, e isso tem se mostrado importante para nossas operações”, garante o executivo. Ao que tudo indica, o desinvestimento não será mais necessário. “Nossa estimativa de crescimento das vendas de aço no ano passado, de 7% a 8%, ficou em 4%, o que nos obrigou a adiar o projeto”, argumenta De Paula. “Quando o PIB voltar a rodar em um ritmo de 4%, que esperamos que aconteça no próximo ano, o consumo de aço subirá entre 8% e 10%. Aí teremos que retomar todos esses planos.”
CAIXA ABERTO Na prática, os investimentos já estão, discretamente, em curso. A ArcelorMittal Brasil investiu neste ano R$ 1 bilhão somente em modernização de seus parques industriais e aprimoramento de processos. A cifra será repetida todos os anos, como um orçamento fixo de modernização. Desde janeiro, novos equipamentos estão desembarcando no País, e começarão a ser desencaixotados assim que o Brasil voltar a crescer acima de 4%, como determinou a matriz. “O mundo não está ajudando, mas temos bons argumentos para defender o Brasil”, diz De Paula. Um desses argumentos é a possível redução do custo da energia elétrica no País – que deve ser anunciado esta semana pela equipe econômica (leia reportagem aqui).
Benjamin Baptista Filho, CEO na América do Sul: ”Estamos dedicados
a garantir que a expectativa de Mittal se concretize”
Só esse fato tem potencial para gerar uma economia de até R$ 350 milhões por ano às operações da empresa. Além disso, haverá redução do custo logístico quando os projetos de infraestrutura estiverem concluídos. Trata-se de uma questão crucial para os negócios. O custo de transporte de uma tonelada de aço de Juiz de Fora, em Minas Gerais, para o polo industrial de Camaçari, na Bahia, está hoje em cerca de US$ 100. O frete desse mesmo volume de aço trazido da China custa US$ 60. “A competitividade da indústria siderúrgica depende das questões de custo logístico e, nessa questão, está em desvantagem em relação aos competidores de fora, principalmente chineses”, afirma Gerson Mendes, economista da Universidade Federal de Uberaba.
Na área de aços planos, o CEO Benjamin Baptista Filho, que comanda os negócios de seu escritório na unidade capixaba de Tubarão, na Grande Vitória, também terá munição de sobra para defender a retomada dos investimentos no País. A proposta é elevar em 500 mil toneladas de aço – para 4,5 milhões de toneladas – a produção dos fornos na fábrica do Espírito Santo e colocar em prática o projeto de lançamento da terceira linha de galvanização na planta de Vega, em Santa Catarina, que passaria de 1,4 milhão para 2 milhões de toneladas de aço laminado a frio, utilizado como matéria-prima, principalmente, na indústria automobilística.
Mittal, o rei do aço, acompanhado de sua mulher, Usha, quis impressionar
a Rainha Elizabeth II com a torre Orbit. Conseguiu
“O senhor Mittal sempre diz que os negócios no Brasil são muito atraentes e, por isso, todos nós estamos dedicados a garantir que essa expectativa se concretize”, diz Baptista Filho. O plano brasileiro da ArcelorMittal poderá incluir aquisições em segmentos que apresentarem maior demanda. Como a empresa atua em toda a cadeia, desde a mineração até a produção e distribuição, o aumento do mercado de aço no País exigiria investimentos em todas as áreas. “A maior vantagem de sermos a maior empresa do mundo em nosso ramo, e a maior do Brasil, é que temos caixa suficiente para comprar qualquer coisa que acharmos conveniente”, garante De Paula. “E, como a cultura Mittal dentro da empresa se resume em agilidade nas decisões, estaremos prontos quando as oportunidades surgirem.”
O CASTELO DO REI DO AÇO Mittal nunca foi um homem de se assustar com a quantidade de zeros em seus cheques. Há apenas seis anos o indiano assombrou o mundo ao desembolsar € 27 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões) pela Arcelor e criar o maior conglomerado siderúrgico do mundo. Então, já era visto como um excêntrico bilionário capaz de tacadas arrojadas. Em 2004, por exemplo, entrou para o livro de recordes Guinness por ter arrematado o Kensington Palace, mansão que pertencia a Bernie Ecclestone, poderoso chefão da Fórmula 1, em Londres. Pagou, em valores atualizados, cerca de R$ 160 milhões, fazendo daquela a casa mais cara do mundo na época.
Suando para criar uma nova imagem: Mittal investiu
mais de R$ 70 milhões na Olimpíada de Londres
e, carregando a tocha, não escondeu a satisfação
de vincular seu nome aos Jogos Olímpicos
A aquisição foi cercada de lendas, como a que dizia que Mittal teria mandado trazer para a propriedade pedras extraídas da mesma pedreira que forneceu para os construtores do templo indiano Taj Mahal. Por conta disso, o local foi apelidado de Taj Mittal. O bilionário, que nasceu numa casa sem eletricidade numa área deserta no norte da Índia, se diverte com a história. Ao jornal londrino Evening Standard confirmou que tais pedras estão lá, na área da piscina, mas disse que já estavam na casa quando a comprou. Foi ele, porém, quem forrou as paredes do palácio com obras de arte e transformou o local em palco de algumas das recepções mais suntuosas da Inglaterra. A própria construção da torre revela, de certa forma, o apreço de Mittal pelos projetos grandiosos.
A ideia de fazer algo no East End surgiu em um encontro com o prefeito de Londres, Boris Johnson, nos corredores do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Johnson pediu ajuda para o projeto de revitalização da região e, para surpresa de quem esperava uma árdua negociação com um bilionário com pouca prática em doações para o poder público, recebeu um rápido sim de Mittal. Encantado com o efeito positivo de sua aproximação com o projeto olímpico para sua imagem, o rei do aço foi abrindo a mão. À medida que discutia o design com o artista plástico indiano Anish Kapoor, a obra ia crescendo e ganhando complexidade. Começou em 30 metros e chegou a 115 metros de altura.
Negócios e esporte: o empresário assistiu a vários jogos da Olimpíada, como a partida
de basquete entre Estados Unidos e França
O primeiro orçamento, de 10 milhões de libras (cerca de R$ 32 milhões), sofreu seguidos saltos, até chegar a 23 milhões de libras (mais de R$ 70 milhões). Na última hora, Usha, a mulher de Mittal, ainda sugeriu que fossem colocados espelhos em torno do observatório no alto da torre. “Já estávamos estourando o orçamento, mas ela insistiu”, declarou o bilionário antes de assinar mais esse cheque. A associação de seu nome e de sua empresa a um projeto com tamanha aprovação popular encantou o bilionário, como demonstra o sorriso em seu rosto enquanto corria pelas ruas de Londres, durante o revezamento da tocha olímpica.
Dias depois, em outro encontro com Johnson, agora em um almoço na loja do McDonald’s do Parque Olímpico, ele se comprometeu a apoiar novas iniciativas no East End. Mittal ainda está longe de lembrar um de seus grandes ídolos corporativos, o escocês Andrew Carnegie, rei do aço na virada do século 19 para o 20. Conhecido como “barão ladrão” pela astúcia e pelo modo implacável com que fazia seus negócios, ele migrou para os Estados Unidos sem um tostão e ergueu uma das maiores fortunas do mundo à sua época. À medida em que enriquecia, porém, foi se transformando em um generoso filantropo, criando instituições que absorveram quase toda a sua riqueza. “O homem que morre rico, morre desonrado”, dizia Carnegie. Nessa área, Mittal ainda é um aprendiz, “um homem em construção”, como costuma se autodefinir.
Taj Mittal: a mansão do empresário já foi a residência mais cara do mundo, comprada
pelo equivalente a R$ 160 milhões de Bernie Ecclestone
O que Mittal vai ouvir do Brasil
Os dois executivos da empresa no país levarão para londres, sede da companhia, os seguintes argumentos:
As oportunidades de negócio no País…
Ferrovias
O Programa de Investimentos em Logística, anunciado pela presidenta Dilma Rousseff, prevê a construção de dez mil quilômetros de ferrovias. Como o Brasil não produz trilhos de trem, que hoje são exportados ao País pela ArcelorMittal na Polônia, a companhia poderá, se houver demanda, fabricar os trilhos pela primeira vez dentro do País.
Infraestrutura
A necessidade de construção e ampliação de portos, aeroportos e rodovias, prevista no plano anunciado pelo governo, de R$ 133 bilhões de investimentos e concessões para as próximas duas décadas, deverá ampliar o consumo de aço no País dos atuais 34,6 milhões de toneladas para próximo de 60 milhões de toneladas. Hoje, a ArcelorMittal responde por 10% desse mercado e quer dobrar a participação nos próximo anos.
Construção civil
A previsão de crescimento do setor é de 8% em 2012 e acima de dois dígitos a partir do ano que vem, três vezes superior à projeção de crescimento do PIB. O bom desempenho desse mercado deve motivar a retomada do projeto de R$ 3 bilhões para dobrar a capacidade de produção da planta, que saltará de 1,2 milhão de toneladas de aço para 2,4 milhões a unidade de aços longos Monlevade, em Minas Gerais.
Energia eólica
A ArcelorMittal Aços Longos forneceu mais de 20 mil toneladas para a construção de 12 parques eólicos no Nordeste, entre 2009 e junho deste ano. Esse volume de aço equivale ao peso de dez torres da ArcelorMittal Orbit, monumento construído em Londres para os Jogos Olímpicos 2012. O aço é usado na montagem estrutural das torres eólicas. A partir de julho, a empresa iniciou o fornecimento de 5 mil toneladas adicionais para mais 58 torres a serem construídas pela CTZ Eólic Tower, empresa do grupo Cortez. Cada torre tem 100 metros de altura cada.
Automóveis
A companhia fornece 35% de todo aço que as montadoras e autopeças brasileiras utilizam na fabricação de carros, caminhões e ônibus. No caso de veículos de passeio, com a perspectiva de expansão da capacidade do mercado automobilístico, dos atuais quatro milhões de unidades/ano para 5,5 até 2015, a empresa precisará retomar investimentos de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão, congelados no ano passado na unidade de Vega, em Santa Catarina.
Copa do Mundo e Olimpíada
A ArcelorMittal já fornece 50% de todo o aço utilizado nas obras da Copa de 2014, o equivalente a 90 vezes o peso total da ArcelorMittal Orbit, monumento de duas mil toneladas inaugurado em Londres para os Jogos Olímpicos deste ano. São obras de infraestrutura viária, turística, de transporte, hotéis e estádios. O aço longo utilizado nessas grandes obras renderá um faturamento de cerca de R$ 9 bilhões à empresa no País neste ano, quase a metade dos R$ 20 bilhões totais da companhia.
Linha branca
A desoneração de IPI de produtos como geladeiras, fogões e fornos continuará puxando as vendas de aço da ArcelorMittal para a indústria. A redução dos juros e as medidas de estímulo ao consumo devem manter as vendas em alta nos próximos anos.
“Ainda estamos saboreando Londres 2012”
Homem de muitos negócios e poucas palavras, Lakshmi Mittal viveu dias de grande exposição durante a Olimpíada de Londres. Graças ao presente que deu a Londres, a torre Orbit, o indiano acabou se transformando em um dos protagonistas dos Jogos na cidade que escolheu para viver. O monumento também fez com que se tornasse mais acessível. À DINHEIRO, numa rara entrevista exclusiva, ele falou do projeto que está ajudando a mudar sua imagem.
Agora que a Olimpíada chegou ao fim, como o sr. avalia o impacto que a torre Orbit causou para a imagem da ArcelorMittal? Está de acordo com sua expectativa?
Estes Jogos foram um sucesso e estamos honrados de termos associado nossa marca a eles. Ver que a ArcelorMittal Orbit se tornou popular é motivo de muito orgulho para a companhia e para a siderurgia como um todo. Espero que, com o design inovador da torre, tenhamos conseguido mostrar o que o aço é capaz de fazer.
O design da torre foi criticado por alguns jornais britânicos. Outros a compararam com a Torre Eiffel, de Paris, dizendo que ela poderia ser um novo cartão-postal para Londres. Qual foi o seu sonho quando pensou pela primeira vez em construí-la?
Queria ajudar a construir algo que fosse icônico e se transformasse em um novo símbolo, não apenas para a Olimpíada, mas também para Londres, contribuindo para a revitalização daquela região. Sonho em deixar um legado e acredito que estou no caminho de atingir esse objetivo.
Esta foi a primeira vez que sua empresa se associou ao Comitê Olímpico Internacional (COI). Já planeja manter essa parceria para a próxima Olimpíada, no Rio em 2016?
Neste momento estamos ainda saboreando a Londres 2012. Não começamos a pensar numa eventual participação em futuros Jogos.
O sr. tem algum projeto especial para o Brasil?
Acho que a ArcelorMittal Orbit é algo único para Londres. Não tentaremos replicar essa ideia em outra cidade, não nos parece a coisa certa a fazer. Temos uma grande operação no Brasil, mas ainda não começamos a pensar em nada específico para a Olimpíada no Rio. Como já disse, estamos muito ocupados apreciando os resultados de Londres.
Como foi a visita da rainha Elizabeth II à torre?
Foi um momento muito especial poder receber a rainha no topo da Orbit. Acho que ela realmente gostou da visita. Além disso, tive a chance de conversar com ela sobre aço.
O sr. chegou a propor ao COI que a pira olímpica fosse colocada no topo da torre? Acredita que seria uma solução melhor do que a que acabou prevalecendo, de deixá-la dentro do estádio, onde menos pessoas podiam vê-la?
Sim, chegamos a conversar a esse respeito. Ofereci a Orbit ao COI, para que a pira fosse instalada lá no alto. Mas eles concluíram que o cronograma ficaria muito apertado para uma mudança de planos.
Enviado especial a Londres