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O Brasil já entra em campo vencedor em 2010. Bem diferente do ano passado, quando o jogo começou com a incerteza do resultado, desta vez as perspectivas são mais do que favoráveis. Não apenas para este, mas também para os próximos anos.

É consenso entre economistas, empresários e analistas que a economia vai crescer pelo menos 5%, puxada pela demanda interna, com pequeno risco de inflação e aumento dos investimentos para garantir a expansão nos anos seguintes.

“O governo trabalha com a certeza absoluta de que a economia brasileira vai crescer muito em 2010, de que a gente vai continuar com a inflação baixa e de que o Brasil vai gerar a riqueza que o povo brasileiro tanto espera”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final do ano passado. Se em 2009 o otimismo do presidente não era acompanhado do lado de fora dos edifícios governamentais, desta vez o setor privado compartilha da opinião de Lula.

Os últimos números de produção e consumo mostram que a economia já está crescendo a uma taxa anualizada em torno de 5%. O relatório Focus, do Banco Central, que mede as projeções do mercado financeiro, traça um cenário com crescimento de 5,2%, inflação no centro da meta (4,5%) e redução para 42,5% da dívida líquida em relação ao PIB. Para calibrar o crescimento, os economistas e analistas do mercado acreditam que a taxa Selic vai fechar 2010 em 10,75%, dois pontos acima da atual.

O dólar praticamente estável, cotado em R$ 1,75 no fim do ano, terá consequências boas e ruins: o superávit comercial deve cair para US$ 11,3 bilhões e o déficit em conta corrente deve dobrar, para US$ 40,8 bilhões. O enorme potencial do mercado consumidor brasileiro, aliado a investimentos em infraestrutura, para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, deve elevar para US$ 35 bilhões o volume de investimento estrangeiro direto.

“As perspectivas são boas, não só para 2010, mas também no médio prazo”, disse à DINHEIRO o economista Bernardo Wjuniski, da consultoria Tendências. “A exportação continua fraca, mas o Brasil já sobreviveu a este cenário no ano passado”, afirma. Assim como aconteceu em 2009, o mercado interno será o motor do crescimento econômico neste ano.

Com expansão do trabalho e da renda, crédito farto e taxas de juros no menor nível dos últimos 15 anos, os brasileiros devem comprar mais. A expectativa dos analistas ouvidos pelo Banco Central é de uma expansão de 8% na produção industrial.

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um crescimento de 7%. Com isso, a produção industrial deve recuperar o terreno perdido e ultrapassar o nível de antes da crise já no primeiro semestre do ano.

O câmbio favorável deve reduzir o superávit comercial, mas também vai facilitar os investimentos no aumento da produção – imprescindível para um crescimento sustentável a partir do ano que vem. A maior parte dos analistas estima que o investimento deve subir dos atuais 17% para cerca de 19% do PIB neste ano.

“Ainda é pouco. Precisamos elevar o investimento para perto de 25% do PIB”, diz o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto. Uma pesquisa da entidade mostra que a indústria está disposta a fazer sua parte. Entre 350 empresas consultadas, 52,9% estão dispostas a aumentar e 9% vão “aumentar muito” os investimentos em 2010.

No mercado externo, a recuperação não é tão forte e ainda existem riscos (leia entrevista com Armínio Fraga nesta edição). O principal deles é cantar vitória definitiva sobre a crise de 2008 e ser atingido por uma nova recessão na retirada dos estímulos econômicos. É o que os economistas batizaram de “double dip”, ou recessão em formato de W, com dois momentos de queda de atividade econômica.

De qualquer maneira, o Brasil ainda não poderá contar com o mercado externo como indutor do crescimento. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia mundial deve crescer 3,1% em 2010, com uma expansão de apenas 1,3% nas economias avançadas e de 5,1% nos países emergentes. O Brasil, a China e a Índia são as bolas da vez do crescimento global. Que venham os gols.

us$ 35 bilhões é a estimativa de remessas de investidores do Exterior para financiar projetos de crescimento no País este ano

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