Poucos dias atrás, a agitada noite nova-iorquina ganhou um evento a mais para disputar a atenção dos pedestres que passavam pela Madison Avenue, endereço nobre da Big Apple, próximo de símbolos como o Central Park e a 5ª Avenida. Ali, entre as luzes da vitrine da Chanel, os sapatos elaborados de Christian Louboutin e os modelitos expostos na loja de Oscar de la Renta ? apenas para citar alguns vizinhos ?, aconteceu a inauguração da segunda loja da grife francesa Hermès, um dos nomes mais icônicos do universo do luxo.
 

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 A inauguração de mais um ponto de venda, mesmo em Nova York, não mereceria tanto destaque não fosse por um detalhe: trata-se da primeira loja voltada inteiramente ao mundo masculino, um projeto piloto que, se der certo, será replicado em outros países. ?O universo de Hermès sempre contou com objetos extraordinários para os homens?, afirmou Robert Chavez, presidente e CEO da marca nos Estados Unidos. ?A loja será uma oportunidade de mostrá-los aos nossos clientes.?
 
Localizada de frente para a flagship aberta em 2000 também na Madison Avenue, a nova butique possui mais de 200 metros quadrados e foi projetada de modo a exalar a tradição da Hermès, marca fundada em 1837. A fachada é formada por tijolos aparentes e, ao entrar, os homens se depararão com um ambiente que remete a uma alfaiataria, semelhante a um elegante clube de cavalheiros.
 

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tradicional e fashion: Com fachada e decoração sóbrias, a grife venderá
roupas modernas apresentadas em desfiles

 

 

Ali, os clientes encontram peças como camisas, ternos, sapatos, perfumes, relógios, acessórios de couro e objetos de decoração ? alguns deles vendidos apenas sob encomenda. Apesar de os produtos não serem novidade para a ala masculina, a iniciativa de criar um ambiente totalmente voltado aos homens causou frisson.

Isso porque esse é um segmento pouco explorado pela marca, fortemente vinculada ao universo feminino. ?É um passo que faz sentido, já que existia um público para esses produtos nas butiques tradicionais?, afirma o consultor José Roberto Martins, da Global Brands. ?Mas considero desnecessário, já que é arriscado estender demais a marca com novas linhas.?

A Hermès é considerada um dos grandes bastiões do mercado de luxo por se manter exclusiva e não se render aos encantos de grandes grupos como o Louis Vuitton Moët Henessy (LVMH). Essa estratégia tem dado certo: em 2009, a empresa faturou 1,91 bilhão de euros, 8,5% a mais do que em 2008. Parte desse resultado é fruto da mística ao redor do rótulo Hermès.

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A casa francesa criou produtos que foram imortalizados por celebridades que são sinônimo de glamour. É de sua autoria, por exemplo, a bolsa Kelly, produzida em homenagem à atriz e princesa de Mônaco Grace Kelly. A bolsa Birkin, criada para a atriz e cantora Jane Birkin, em 1984, também é tão exclusiva que a fila de espera para comprá-la, por US$ 34 mil, dura cerca de dois anos.

Outro grande sucesso são os lenços, confeccionados em seda pura ? a mesma matéria-prima para as gravatas, consideradas também um símbolo de tradição.  ?A gravata é um símbolo da masculinidade e as peças da Hermès são conhecidas pelo acabamento impecável?, diz Silvio Passarelli, coordenador do curso de gestão do luxo da Faap. Para ele, enquanto a marca mantiver seus rígidos critérios de qualidade, a investida vai prosperar. ?Ela será admirada pelos homens do mesmo modo que é pelas mulheres.?