Em meio à disputa de previsões, quase sempre pessimistas, de analistas de plantão que fazem apostas sobre o futuro econômico do Brasil, é esclarecedor lançar um olhar sobre o passado para entender como o País chegou até aqui e quais os alicerces que estruturam a atual fase de estabilidade monetária. Para colocar luz sobre esse legado é que a revista ISTOÉ DINHEIRO, como parte das comemorações de seus 15 anos, reuniu na semana passada, de maneira inédita na história recente, quatro ex-presidentes do Banco Central – Pérsio Arida, Gustavo Franco, Armínio Fraga e Henrique Meirelles –, além do atual ocupante do posto, Alexandre Tombini. Foi decerto uma aula de boa economia, com direito a debate com os quase 400 financistas, banqueiros e empresários, que lotaram a plateia para ouvi-los. 

 

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Desde o advento do Plano Real, em 94, até os dias atuais, o processo de estabilização passou por diversas etapas, todas elas pró-ativas no caminho da reabilitação econômica depois de décadas recessivas e de baixa perspectiva. O coquetel de medidas acertadas – que englobou desde o combate à inflação, controle da moeda e dos gastos públicos até o aumento da arrecadação fiscal, incentivo ao emprego e investimento – sacramentou uma situação excepcional para a arrancada do mercado interno. No saldo da equação, arquitetada em significativa parte pela mão desses senhores, apareceu o colchão de liquidez de algumas centenas de bilhões de dólares em reservas cambiais, investimentos produtivos recorde, consumo em alta e uma classe trabalhadora vivendo no cenário do quase pleno emprego. 

 

Algo bem distante do quadro de crise e sacrifícios enfrentado lá fora. Os cinco “Guardiões da Estabilidade” que marcaram presença no seminário da IstoÉDINHEIRO ainda se deram ao trabalho de planificar alternativas para manter o prumo. Arida, Franco, Fraga, Meirelles e Tombini trataram do desafio da educação, do necessário aumento da poupança, da batalha por taxas de juros mais baixas. E arriscaram prognósticos corajosos. Tombini revelou, por exemplo, que o BC está trabalhando com a estimativa de uma expansão do PIB da ordem de 4% no próximo trimestre. Fazendo coro, Fraga cravou que será de qualquer maneira uma expansão vigorosa e Franco disse que os juros podem mesmo chegar aos 5% anuais. A conferir. Mas, pelo que fizeram, não há como duvidar de suas palavras.