Em 18 de setembro de 1970 James Marshall Hendrix, mundialmente conhecido como Jimi Hendrix, deixou a vida para entrar na história da música pop. Com sua guitarra Fender Stratocaster ele, literalmente, incendiou a cena musical dos conturbados anos 1960.

Quarenta anos depois, a obra de Hendrix continua mais viva do que nunca. Os consultores estimam o espólio do cantor e guitarrista ? que inclui o direito sobre a imagem e as músicas do artista, além de algumas propriedades ? em US$ 80 milhões. Montante suficiente para colocar em lados opostos Leon e Janie, irmãos de Hendrix. 

 

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Ícone: com pinturas psicodélicas (esquerda) e grandes recursos técnicos,

estúdio situado em Nova York é um dos preferidos dos astros pop 

 

Eles travam uma batalha nos tribunais para decidir quem vai comandar o espólio do cantor. A lista de bens inclui ainda o Electric Lady Studios, encravado no bairro de Greenwich Village, o coração boêmio de Nova York. Construído a pedido do artista que ?pediu desculpas por beijar o céu?, na música Purple haze (Névoa Púrpura, em português), o estúdio se tornou mítico. Com paredes curvas e decoradas com grafites eróticos e imagens psicodélicas, o local é uma das maiores referências da cena pop mundial. 

 

Entre os músicos que usaram o espaço recentemente para gravar seus trabalhos figuram desde veteranos do rock, como Eric Clapton, passando pela cantora romântica Sheryl Crow, o rapper Jay-Z e a rainha do R&B Rihanna, além da banda britânica Coldplay. Graças a essa movimentação, o estúdio faturou cerca de US$ 2,5 milhões em 2009, de acordo com a consultoria americana Manta. Cifra que representa 30% de todas as receitas geradas no período pela marca Hendrix, segundo a a revista americana Fortune. 

 

Essa bolada, contudo, tende a crescer de forma exponencial neste ano. Por dois motivos. Um deles é a movimentação em torno do aniversário de 40 anos do Electric Lady. Além disso, a especulação imobiliária e a crise vivida pelas gravadoras vêm obrigando vários estúdios a fechar as portas. O último deles foi o da Decca, ligada à Universal Music, que encerrou as atividades em março. 

 

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Rebeldia: com seu estilo original, Hendrix transformou a guitarra no símbolo da contracultura 

 

Com menor concorrência e um apelo natural de marketing, o Electric Lady, segundo especialistas do setor, deverá ganhar ainda mais clientes. O empreendimento começou a ser projetado em 1969 para atender o perfeccionismo de Hendrix. As sucessivas alterações no projeto fizeram com que o orçamento estourasse, saltando de US$ 125 mil para US$ 1 milhão ? uma verdadeira fortuna na época. A iluminação remete ao padrão usado nos cinemas. 

 

Os três espaços de gravação foram equipados com o que existia de melhor em termos de tecnologia sonora. O resultado final até hoje agrada a músicos de todos as tendências. Hendrix, porém, usou pouco o espaço já que morreu um mês após cortar a fita de inauguração. 

O falecimento prematuro de Hendrix, aos 27 anos, vítima de uma combinação de remédios para dormir e doses generosas de bebida alcoólica, só fez aumentar a aura de transgressão que sempre cercou o cantor e guitarrista. 

 ?A exemplo de Elvis Presley e dos Beatles, Hendrix se mantém como um dos ícones cultuados por integrantes de todas as faixas etárias?, destaca Moacir Galbinski, diretor da Supermarcas. Em junho, a empresa assinou um contrato de licenciamento com a Authentic Hendrix,  válido para toda a América Latina.

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A ideia é estampar a imagem e o nome do guitarrista em camisetas, cadernos, calçados, entre outros artigos de consumo produzidos pela duas mil empresas com as quais a Supermarcas mantém acordos do tipo. O executivo não revela o valor esperado com esse ?novo contratado?. 

 

Diz apenas que está otimista. ?A celebração em torno dos 40 anos da morte do cantor e da inauguração do estúdio devem ajudar a alavancar as vendas?, diz Galbinski. Enquanto isso, Hendrix segue beijando o céu.

 

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