12/04/2013 - 21:00
Todos sabem: do ponto de vista estritamente econômico, a Dama de Ferro, Margaret Thatcher, abriu um caminho de liberalismo – de valorização do “deus mercado” –, de desregulamentação indiscriminada, que depois foi trilhado por várias nações. Em determinado momento com sucesso, em outro com consequências desastrosas, como no caso da crise dos subprimes americanos em 2008. O Brasil, por sua vez, bebeu tanto da fonte do “thatcherismo” que, hoje, muitos são capazes de apontar diversos traços da ex-primeira-ministra britânica na versão tropical da presidenta Dilma. Ambas compartilham os mesmos princípios de disciplina orçamentária, o mesmo rigor na defesa das convicções e no trato com interlocutores.
O “thatcherismo” à brasileira incluiu ao longo dos anos não apenas a privatização em larga escala de empresas estatais – da telefonia à siderurgia, além de companhias energéticas, ferroviárias, etc. – como o abrandamento dos processos burocráticos (quem não se lembra que o Brasil do passado recente já precisou contar com um Ministério da Desburocratização?). A redução do tamanho do Estado, a preocupação com o déficit público e com a ameaça inflacionária, o apego sistemático aos instrumentos monetários foram lições que a Dama de Ferro exportou para o mundo. Em contrapartida, ela adotou uma implacável política de diminuição dos direitos sociais, despertando a ira dos sindicatos, que viraram seus eternos opositores. A primeira-ministra inglesa foi, ao mesmo tempo, a face redentora e diabólica do Reino Unido, na visão dos conterrâneos.
Muitos festejaram a sua morte. Mas, a despeito dessa corrente de resistência, Thatcher se converteu, inegavelmente, na mulher mais influente do século 20. Não há como ignorar sua contribuição, em especial no campo da iniciativa privada, do estímulo ao empreendedorismo e do resgate de uma economia praticamente dilapidada – transformada, sob a sua batuta, numa resplandecente potência global, política e econômica. A Inglaterra e o mundo devem muito a essa senhora. Seus preceitos de liderança, transparência e firmeza impuseram o melhor aprendizado para gerações e gerações de governantes. E, por que não dizer, de empresários, que perceberam com ela o tamanho dos riscos e responsabilidades do capitalismo.