Dois dos maiores grupos de cosméticos do mundo ­— a Natura &Co e a francesa L’Oréal — anunciaram um lifting em suas operações globais, na terça-feira (4). Ao comprar por US$ 2,5 bilhões da marca australiana Aesop, o maior conglomerado de produtos de beleza do mundo, com sede em Paris, fortalece seus negócios no mercado asiático, especialmente na China. Para a companhia brasileira, o dinheiro da transação reforça o caixa e alivia a pressão dos juros, já que equivale a 100% de seu endividamento. Além disso, a empresa pretende fortalecer seus negócios na América Latina, região em que há países com mais sinergias e identidade com a marca. Para Fabio Barbosa, diretor-presidente da Natura &Co, a venda da Aesop marca um novo ciclo de desenvolvimento. “Com uma estrutura financeira fortalecida e um balanço desalavancado, poderemos aprofundar o foco em prioridades estratégicas, especialmente em seu plano de investimentos na América Latina”, afirmou Barbosa. “Também poderemos nos concentrar em continuar aprimorando os negócios da The Body Shop e reorientar a presença da Avon International”, disse. No ano passado, a Natura &Co registrou receita líquida de R$ 36,3 bilhões.

Sob comando do CEO Nicolas Hieronimus, a L’Oréal também tem como estratégia se fortalecer regionalmente, mas com foco na Ásia. Com mais de 100 anos e faturamento de 38,2 bilhões de euros em 2022, a empresa é dona de marcas como Garnier, Lancôme, Biotherm, Kérastase e Vichy, além da própria L’Oréal. No Brasil, é dona também da marca Niely ­— especializada em pele e cabelo afro. Embora seja uma grife australiana, a Aesop é bem posicionada como marca de luxo nos maiores mercados consumidores asiáticos. Para o CEO global Hieronimus, a Aesop está bem consolidada como um produto de luxo. “Trata-se de uma marca fortemente conectada com todas as tendências atuais, e a L’Oréal vai acelerar a realização de seu enorme potencial de crescimento, principalmente na China e no Travel Retail”, disse o CEO da L’Oréal.

LUXO AUSTRALIANO Com receitas de US$ 537 milhões em 2022 e 395 lojas, a venda da Aesop garante caixa para a Natura e expansão da L’Oréal. (Crédito:Divulgação)

Segundo a L’Oréal, a aquisição da Aesop faz parte de um plano de diversificação do portifólio do grupo. “A Aesop detém um posicionamento único no mercado global de beleza de luxo, graças à sua essência de marca liderada pelo design, seus produtos altamente eficazes e sensoriais, bem como sua filosofia de obcecada pelo cliente”, disse. “Temos grande confiança de que a Aesop se juntará ao clube de marcas bilionárias da L’Oréal Luxo e, portanto, contribuirá significativamente para o crescimento da divisão nos próximos anos.” A divisão de luxo da L’Oréal fez cinco aquisições regionais nos últimos cinco anos. Com a Aesop, isso levará a um portfólio de 24 marcas muito complementares, de acordo com a empresa.

EXPANSÃO DE UM IMPÉRIO Sob comando do CEO Nicolas Hieronimus, a L’Oréal expande seus negócios em todo o mundo e fortalece a operação no mercado de luxo da Ásia. (Crédito:AFP)

Desde que foi comprada pela Natura &Co, em 2012, a Aesop multiplicou exponencialmente seus resultados. Entre 2012 e 2022, as vendas brutas dispararam de US$ 28 milhões para US$ 537 milhões. O total de pontos de venda (lojas e quiosques) saltou de 52 para 395 e o número de países passou de oito para 29. No ano passado, a Aesop abriu sua primeira loja física na China e expandiu significativamente a categoria de fragrâncias. Após a concretização do negócio, Natura, Aesop e L’Oréal estarão com suas operações renovadas. Como deve ser o setor da beleza.