Papéis avulsos

Mundial cortas seus custos

 

A Mundial está mais perto de cortar um de seus principais problemas: o elevado custo de sua dívida. Na quinta-feira 17, a empresa gaúcha obteve autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para simplificar o processo de migração de suas ações para o Novo Mercado. A CVM autorizou uma redução de 50% para 25% no quórum na Assembleia Geral Extraordinária que vai formalizar a migração. Segundo Michael Ceitlin, presidente da Mundial, essas mudanças vão reduzir a conta de juros a pagar. “Poderemos captar dinheiro com a emissão de ações e por meio do lançamento de dívida”, diz. A meta é obter US$ 50 milhões com a venda de ações e US$ 100 milhões lançando eurobônus. A empresa divulgou um prejuízo de R$ 7,7 milhões no terceiro trimestre de 2011, ante um lucro de R$ 36,5 milhões no mesmo período de 2010. A causa foi justamente os juros. Em 2011, o resultado financeiro representou uma perda de R$ 17,1 milhões, ante um ganho de R$ 46,3 milhões em 2010.

 

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Construtoras


O lucrinho da Gafisa

 

As ações da construtora Gafisa caíram 8,1% na bolsa na quarta-feira 16. O motivo foi uma trinca nos resultados da empresa. O lucro do terceiro trimestre foi de R$ 46,2 milhões, uma queda de 50% em relação ao mesmo período de 2010. A principal razão desse abalo nas estruturas foram os resultados da controlada Tenda, voltada para a baixa renda, cuja maior parte das vendas é financiada pela Caixa Econômica Federal. Segundo Duílio Calciolari, CEO da Gafisa, a demora do banco em repassar os recursos comprometeu o fluxo de caixa. 

A Gafisa também diminuiu a meta de lançamentos em 2011 para um máximo de R$ 4 bilhões, ante R$ 5,6 bilhões da projeção anterior. “É uma indicação de que a Gafisa não fará loucuras para entregar os números esperados”, diz o analista Marco Aurélio Barbosa, da Coinvalores.

 

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Destaque no pregão


Dólar reduz resultado da Petrobras

 

A desvalorização do real manchou os resultados da Petrobras. Embora tenha faturado 17% mais no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2010, os lucros caíram 42%, para R$6,3 bilhões, devido à elevação do endividamento na moeda americana. As despesas financeiras cresceram 82,5%, para R$ 5,28 bilhões. A empresa também deverá cortar alguns investimentos. Bianca Nasser, gerente de relações com investidores, disse, em uma reunião com analistas na quinta-feira 17, que a Petrobras deve investir uma cifra parecida com os R$ 76,4 bilhões de 2010, inferior à projeção para 2011, que era de R$ 84,7 bilhões. 

 

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Palavra do analista: O resultado de caixa da petrolífera foi considerado regular pelo mercado, a despeito da forte receita de vendas. “A estatal registrou números operacionais ainda fracos, mas acima da expectativa. Não acreditamos que a divulgação indique aprimoramento operacional objetivo”, diz Ricardo Corrêa, analista da Ativa Corretora. Segundo ele, a Petrobras registrou receitas e Ebitda marginalmente acima das projeções dos analistas. A redução do ritmo de investimentos pode resultar em um crescimento mais lento que o esperado, segundo afirmam em relatório os analistas Rodrigo Fernandes e Hering Shen, do banco Fator.

 

 

 

Touro x Urso

 

Nem mesmo a elevação da classificação de risco brasileira pela agência Standard & Poor’s animou o mercado. O Índice Bovespa amargou uma queda de 2,7% na semana até a quinta-feira 17, quando fechou abaixo dos 57 mil pontos pela primeira vez desde o dia 25 de outubro. O que assustou os investidores foram, mais uma vez, temores com a situação fiscal de economias europeias importantes como Espanha e Itália. Os juros desses países permanecem elevados, acima de 7% ao ano. O espectro de uma renegociação forçada de suas dívidas públicas empurra os investidores para fora do mercado de ações. Outro ponto de preocupação foi a divulgação de alguns resultados de empresas brasileiras abaixo do esperado. Os investidores já começam a fazer as contas para 2012 e, em geral, o resultado desses cálculos indica um desempenho pior do que em 2011. Ou seja, amplo espaço para os ursos, pouca energia para uma reação dos touros.

 

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Educação financeira

 

No mercado de ações, tanto quanto a estratégia, é importante ter disciplina e controle emocional para lidar com as possíveis perdas de forma racional. Com base nisso, o consultor financeiro Rivadavilla Malheiros escreveu Operando com Trading Systems na Bolsa. O livro traz informações sobre como definir regras para entrar e sair da Bolsa, estratégias gráficas para conhecer os melhores papeis e métodos de acumulação de capital. Editora Évora, R$ 49,90.

 

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Mercado em números


Cemig  


R$ 657 milhões – Foi o lucro líquido da Cemig no terceiro trimestre, um pequeno recuo de 0,3% em comparação aos meses de julho a setembro de 2010. Na comparação com o segundo trimestre, o lucro da companhia de energia avançou 25,6%. 

 

 

MRV 


R$ 208,6 milhões - Foi o lucro líquido da MRV Engenharia, de julho a setembro deste ano. O valor representa uma retração de 3,4% ante o mesmo período do ano passado. No mesmo intervalo, a receita líquida da incorporadora cresceu 20%.

 

 

Dasa 


R$ 150 milhões - É o valor ofertado pela Diagnósticos da América (Dasa) na sua terceira emissão de notas promissórias. A empresa vai pagar juros correspondentes à variação acumulada de 107% dos juros de mercado, medidos pelos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI). 

 

 

Auditorias 


10 anos - É o prazo concedido às companhias abertas que instalarem e mantiverem Comitês de Auditoria Estatutários para realizar o rodízio de empresas de auditoria que analisam suas contas. O sistema é facultativo, e as corporações que não tiverem esses comitês terão de trocar seus auditores a cada cinco anos.

 

 

 

Pelo mundo


UBS demite e paga dividendos

O novo CEO do banco suíço UBS, Sergio Ermotti, disse na quinta-feira 17 que o banco, afetado por escândalos nos últimos meses, vai pagar dividendos de US$ 0,10 por ação em 2011 e pretende cortar US$ 158 milhões em ativos e demitir 2 mil funcionários até 2016. No dia da divulgação das informações, as ações do UBS caíram 2,85%. 

 

O ouro dos bancos centrais

O Conselho Mundial do Ouro informou na quinta-feira 17 que as compras de ouro pelos bancos centrais de todo o mundo mais que dobraram no terceiro trimestre na comparação com o segundo, chegando a 148,4 toneladas. Quem comprou mais foram os BCs da Rússia, da Bolívia e da Tailândia. 

 

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Boeing fecha venda de US$ 21,7 bi

A Boeing anunciou na quinta-feira 17 que a Lion Air, companhia aérea da Indonésia, vai adquirir 230 aviões, um negócio de US$ 21,7 bilhões. É o maior contrato da história da Boeing. Pelo acordo, a Lion Air comprará 201 unidades do 737 MAX e 29 do Next-Generation 737-900. No dia, as ações da Boeing caíram 0,9%.

 

 

 

Personagem


Arriba, Tupy

 

A fundição catarinense Tupy anunciou a compra de duas concorrentes no México, a Cifunsa Diesel e a Technocast, por US$ 439 milhões. Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, presidente da Tupy, explicou as razões da compra  à DINHEIRO. 

 

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Por que investir no México e não no Brasil?

No Brasil não temos nenhuma opção de compra nesse ramo de negócio. As fábricas que compramos no México produzem cabeçotes de motores voltados para o setor agrícola e também para equipamentos pesados. Além de nós, só existem duas outras fábricas no Brasil, que não estão à venda. Como aproximadamente 33% dos nossos clientes estão na América do Norte, eles buscam fornecedores que estejam mais perto.

 

Isso significa produzir menos por aqui?

Não necessariamente. As duas fábricas no México têm boas carteiras de clientes e operam com pouca ociosidade. Vamos nos aproveitar disso, ampliando nossa fatia de mercado, especialmente na Ásia.

 

A Tupy planeja mais aquisições?

Temos de trabalhar para integrar as compras lá fora para não darmos um passo maior que as pernas. Antes de novas compras, pensamos em integrar as operações e nas sinergias que essa integração vai gerar. 

 

Há um plano B, no caso de o governo mexicano não aprovar a compra?

Consultamos nossos advogados e os vendedores quanto à possibilidade de concentração local, mas não vejo nenhum problema que impeça a compra. Se as autoridades barrarem, cumpra-se a lei. Não vamos buscar outras aquisições nos próximos meses, pois acredito que teremos o aval do governo mexicano até março de 2012.

 

De onde veio o caixa para aquisição?

Uma parte é caixa próprio, 15%. O restante é financiado com operações de crédito. 

 

Como a Tupy saiu de uma recuperação judicial e pôde fazer essa aquisição?

Esse passo representa um novo momento. Nós nos transformamos de 2000 para cá. Entre 2002 e 2003, tivemos de nos recuperar do excesso de dívidas em dólar, pois o momento político fez com que a moeda americana ficasse escassa. As dívidas de curto prazo se avolumaram e tivemos problemas. Demoramos quatro anos para nos recuperar. Em 2007, convertemos debêntures em ações e reduzimos nossa dívida em R$ 285 milhões. A partir daí, inauguramos uma nova agenda de crescimento. Tivemos uma interrupção na crise de 2008, mas agora voltamos e vamos crescer e nos internacionalizar.

 

 

 

Colaboraram Fernanda Pressinott e Fernando Teixeira