Quanto você pagaria para mobiliar o jardim ou o lounge da piscina de sua casa? Se depender da Dedon, grife alemã de móveis externos, os brasileiros vão desembolsar boas quantias com suas cadeiras, mesas e poltronas de descanso. Trazida para o Brasil com exclusividade pela paulistana Collectania, a marca, com faturamento anual de R$ 120 milhões em todo o mundo – e presente na casa de famosos como o ator americano Brad Pitt e o piloto alemão de Fórmula 1 Michael Schumacher –, vê no País uma boa possibilidade para crescer. Segundo o italiano Massimo Bertollo, diretor global de vendas da Dedon, o sucesso dependerá, principalmente, do crescimento do turismo local. “Com a Copa, em 2014, a expectativa é que o setor hoteleiro de luxo cresça e compre os nossos produtos”, afirma Bertollo. 

 

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Bertollo, diretor global: poltronas projetadas na Alemanha e fabricadas

nas Filipinas com fibras naturais chegam ao Brasil por R$ 76 mil,

como a Nestrest, o carro-chefe da grife.

 

Segundo Jéthero Miranda, coordenador do curso de design de interiores do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, desde os anos 1960 a cultura do design tem crescido de forma constante no Brasil. “Daqui para a frente, um objeto sem apelo estético não vai sobreviver no mercado”, diz Miranda. E, para ele, estética a Dedon tem de sobra. “Os móveis têm desenhos leves, atuais e ousados.” A trajetória da Dedon no mundo do mobiliário de luxo começou em 1990, quando o até então jogador belga de futebol Bobby Dekeyser sofreu uma lesão que o colocou numa cama de hospital. Goleiro da equipe alemã do Bayern de Munique, se viu fora dos campos sem saber o que fazer. “Eu precisava descobrir algo novo para me ocupar, e amava a natureza”, diz Dekeyser. 

 

E foi assim, dois anos depois, que a ideia de produzir mobiliário externo se tornou realidade. Para se diferenciar das outras marcas, o empresário investiu na fabricação de uma fibra sintética super-resistente, batizada com o nome da grife. “Como vendemos para o mundo todo, a fibra Dedon é adequada para temperaturas que variam de -30º a +70º”, afirma Dekeyser. Os móveis feitos com as fibras trançadas, hoje o carro-chefe da empresa, são ainda à prova d’água, cloro, água salgada e raios ultravioleta, além de não esquentar, esfriar ou desbotar. Graças a essa exclusiva fibra e ao tino para os negócios de Dekeyser, a empresa se expandiu e deixou de ser um projeto familiar, contando hoje com mais de três mil funcionários que demoram cerca de 20 dias para fazer cada peça de alto valor artesanal, em sua fábrica nas Filipinas. 

 

Após a contratação de Bertollo em 2005, as exportações cresceram e outros mercados além do alemão passaram a ter representação significativa na receita da marca. “Depois da Alemanha, os países com mais importância para nós são EUA, Itália, França e alguns do Oriente Médio”, diz Bertollo. “E, é claro, o Brasil.” Apesar de o País ser o de maior destaque na América Latina, ainda disputa a atenção com a Venezuela, a Colômbia e o México, todos com distribuidores locais. Segundo Bertollo, há alguns mercados nos quais, por causa do tamanho e da complexidade, é mais efetivo contar com parceiros. Ainda assim, o Brasil e seus vizinhos sul-americanos são as áreas de crescimento acelerado para a Dedon, que visualizou em 2011 um aumento de 20% em relação às vendas do ano anterior. 

 

Nem o acréscimo de quase 50% no valor dos móveis da grife vendidos no País – como o inusitado Nestrest, uma espécie de sofá suspenso, à venda por R$ 76 mil – diminui o ritmo. Com uma loja na exclusiva alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo, endereço das marcas de decoração chiques de São Paulo, o plano é se expandir para outros Estados brasileiros, como Rio de Janeiro e Ceará. Qual a estratégia para o mercado nacional, com móveis tão caros? Simples, diz Bertollo. “Quem compra o luxo, onde quer que esteja, precisa se sentir confortável e feliz, características que o brasileiro tem de sobra.”