Imagine um automóvel decorado com tapetes com mais de cinco centímetros de espessura e frisos de prata, bancos de couro costurados à mão, piloto automático, componentes em fibra de carbono e um iPad no painel de controle. 

No mundo dos carros de luxo não é preciso imaginar. Basta querer. Não que exista um veículo de passeio com tantos componentes assim ao mesmo tempo. Mas, pelo que foi apresentado pelas mais de 50 marcas que estiveram presentes no Salão do Automóvel de Genebra (de 3 a 13 deste mês), não vai demorar muito para que um supercarro turbinado com todos esses elementos seja anunciado. 

 

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O mais curioso nessa feira é que o luxo e tudo o que vem embutido nessa palavra, como design elaborado e refinado, acabamento impecável, excelência de materiais e customização, estão presentes em cada detalhe. E até os minimodelos, como o Fiat 500 (com sua versão em parceria com a grife Gucci), e os carros elétricos recebem roupagem sofisticada. 

 

Passeando pelas ruas e os dois andares do gigante Palexpo, onde foi realizado o evento, que está na sua 81ª edição, é possível degustar as novidades que logo começarão a enfeitar as garagens de alguns dos endereços mais sofisticados do País.

 

Como a Ferrari FF, o carro-família que a icônica montadora italiana, famosa por seus carros de corrida e esportivos, quer espalhar pelo mundo. O preço, que se especula seja de US$ 400 mil, talvez dificulte um pouco os ambiciosos planos de expansão da marca de Maranello. 

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Mas, com certeza, seu interior todo em couro caramelo, que harmoniza esportividade e sofisticação num pacote único e acomoda com conforto de primeira classe de avião quatro pessoas, vai ajudar a alimentar o desejo de ter uma FF a qualquer custo. 

 

Sem contar o motor V-12, forjado com toda a tecnologia e o poder que a legendária fábrica italiana é capaz de produzir. A nova Ferrari ainda vem equipada com câmbio de sete marchas, como os da F-1, e, para quem quiser e puder testar, atinge velocidade máxima de 335 km/h. 

 

Além dos bancos de couro claro, branco ou creme (o couro preto praticamente foi banido do mundo dos ricos e poderosos), e dos detalhes em madeira no painel, bem como da harmonia entre a cor do carro e seus cintos de segurança (o máximo da customização e que está disponível nos modelos da Bentley), outros quesitos se tornaram imprescindíveis no atual universo do automobilismo de elite. 

 

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Entre as vedetes estão os motores híbridos gasolina-elétrico, com baixa emissão de CO2 (é o luxo entrando definitivamente na era verde), os faróis de LED, telas touch screen conectadas à internet, porta-iPad, componentes e carroceria de fibra de carbono e alumínio e a cor fosca em detrimento da brilhante. 

 

Acessórios de todos os tipos e funções também ajudam a construir o universo luxuoso em torno desses supercarros. Do mouse fofo do Mini Cooper às jaquetas e abotoaduras da Maserati, tudo é consumível e imprime status. 

 

Da alemã Audi, que fez a apresentação de seu carro-conceito A3 (em fibra de carbono e porta-iPad para os passageiros), sua perua híbrida Q5 (gasolina/elétrico) e o superesportivo RS 3, para cinco pessoas e motor 2,5 litros (E 50 mil), à italiana Alfa Romeo, que causou frisson com seu modelo-conceito 4C, de dois lugares em alumínio e fibra de carbono (US$ 62 mil), quase todas as grandes montadoras apresentaram modelos mais caros com esses elementos. 

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Entre elas também figura a Porsche, com sua versão híbrida do modelo Panamera S, a veloz Lotus, com seu Evora S de interior creme, e a charmosa e jovem Koenigsegg. A marca sueca aportou no salão com o Agera 2, apelidado de Speed Racer (seu dono, Christian von Koenigsegg, 38 anos, é fã do desenho animado), fosco, com motor 5.0 de 1.115 cavalos, flex. Os interessados devem separar a bagatela de E 990 mil para adquirir essa supermáquina.  

  

Até mesmo a veneranda Kombi, da Volkswagen, se apresentou refinada e cheia de engenhocas high-tech. Em nada lembra o barulhento e malcheiroso veículo de transporte de carga que tanto sucesso fez nas décadas de  1960, 1970 e 1980. 

 

Ao contrário. Ainda é um carro-conceito, mas a Bulli (como foi batizada a nova versão da Kombi pelos alemães) só lembra o velho modelo na famosa apresentação saia e blusa, como é chamada  sua opção bicolor. 

 

Travestida de pompa e circunstância, deve angariar fãs nas classes mais abastadas. A julgar pelas manifestações carregadas de simpatia pelo charmoso modelo, dos visitantes do salão, vai mesmo. Quem diria!

 

Enviada especial  a Genebra, Suíça