Ouça um resumo da reportagem

 

Quando o chefão da F-1, Bernie Ecclestone, teve seu relógio Hublot F1 King Power, modelo básico de R$ 50 mil, roubado após um assalto violento em uma das ruas de Londres, em novembro do ano passado, a grife suíça não titubeou e tratou de tirar partido do infortúnio do empresário inglês.  Usou a imagem do olho roxo do CEO da Formula One Management, enviada à empresa pelo próprio Ecclestone, para estampar um anúncio sobre o modelo, acompanhado da frase ?Olhe o que as pessoas podem fazer por um  Hublot?. 

A ação virou um case de marketing, levando a marca de luxo, já sobejamente conhecida entre ricos e famosos do esporte, a ter uma surpreendente  exposição espontânea na mídia e em redes sociais. ?O fluxo do nosso correio eletrônico teve um incremento de 25%?,  diz Benoit Vulliet, gerente de marketing e vendas para a América Latina da Hublot. Todos os e-mails pediam informações sobre a venda do modelo.?  

 

5.jpg

“Hublot é um estilo de vida, um produto que coroa as conquistas de cada um”, Jean-Claude Biver, CEO da marca

 

Segundo ele, os 500 exemplares fabricados do King Power logo se esgotaram. Mas o burburinho em torno da peça de publicidade ajudou a colocar a grife na mente das pessoas , acredita Vulliet, que avisa: ?Um novo F1 King Power básico chega às lojas no segundo semestre.?

 

Graças também à peculiar peça publicitária, a marca, uma das mais jovens da Suíça (tem apenas 31 anos, praticamente uma adolescente, diante das centenárias concorrentes), entrou no radar do consumidor brasileiro. E o País, por conta disso e do aumento do consumo de bens de luxo, entrou no radar da Hublot. Com tantos elementos conspirando a favor de uma maior aproximação da grife com o Brasil e considerando ainda que a América Latina é o segundo maior mercado da empresa, era uma questão de tempo para o CEO da empresa, Jean-Claude Biver, aportar por aqui. 

 

6.jpg

Brilho & precisão: o King Power F1 Tourbillon (US$ 195 mil), em ouro

 

No início deste mês, ele esteve em São Paulo e no Rio de Janeiro, cidades onde a Hublot tem representação, à procura de novos parceiros. Além da capital paulista e da fluminense, a grife também possui representação em Brasília e, até o fim do ano, pretende ampliar seu mercado para, pelo menos, mais três capitais brasileiras: Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre. 

 

Uma das primeiras ações concretas, já fruto dessa prospecção, foi a parceria com o time de futebol do Flamengo. A Hublot acabou de lançar um modelo comemorativo pelos 30 anos do título mundial do clube carioca, com um cronômetro de 45 minutos embutido na caixa do relógio (R$ 40 mil). Por sinal, o marketing esportivo, incrementado por Biver desde que assumiu o cargo de comandante da marca, em 2004, também vai ajudar na divulgação da empresa no País. 

 

Principalmente, com a presença da Hublot como a marca oficial dos cronômetros das partidas da Copa de 2014. ?A ideia de se tornar conhecida e despertar o desejo do brasileiro, no entanto, em nada irá mudar a aura de sofisticação da marca?, diz o CEO. Afinal, seus relógios custam em média R$ 45 mil e podem chegar a US$ 3 milhões. 

 

7.jpg

Cathedral (US$ 350 mil), em fibra 

 

O início da administração de Biver foi marcada pela volta do conceito ?Arte da Fusão?, que une a tecnologia de um relógio de ponteiros a materiais nobres e supermodernos, como ouro, fibra de carbono e titânio. ?Quem compra um Hublot não está pensando em um relógio para consultar as horas?, diz Biver, que não tira o seu modelo preferido da marca do pulso, o Cathedral (US$ 350 mil). ?Está adquirindo status e estilo de vida. É como se estivesse coroando as suas conquistas com ele.? 

 

Para o CEO, os modelos da Hublot estão invariavelmente ligados ao público jovem e masculino. ?Realmente não fazemos relógios para mulheres. Nem temos as divisões masculino e feminino. É uma só?, afirma Biver. ?Usamos alguns componentes que acabam agradando às mulheres, um público que já é responsável por 35% das nossas vendas.? Segundo ele,  a consumidora que usa um Hublot quer mostrar que é moderna, está à frente do seu tempo e é capaz de acumular as mesmas conquistas de um homem.

 

Apesar de não divulgar os números da empresa, os executivos da Hublot dão a Biver, que deixou a Swatch para assumir o comando da marca, o crédito pelo seu crescimento nos últimos seis anos. Tanto que, após quatro anos de sua gestão, a grife já fazia parte do portfólio do maior conglomerado de luxo do mundo, o LVMH, do empresário francês Bernard Arnault.  Em seu esforço para espalhar os produtos da Hublot pelos pulsos de descolados e poderosos do mundo e incrementar os negócios, Biver contou com um trunfo importante: o relógio Big Bang, lançado em 2005. Com mais de 20 variações de  modelo, o Big Bang  é o carro-chefe da empresa.

 

8.jpg

Senso de oportunidade: o anúncio que explorou o assalto de Bernie Ecclestone,

cliente da marca, que teve seu Hublot roubado, em novembro de 2010

  

Mas nem só de novos Big Bang vive a Hublot. Durante o ano, a grife também lança edições limitadas de objetos que não, necessariamente, marcam horas, minutos e segundos. É o caso dos esquis, trenó e da bicicleta All Black em fibra de carbono. ?Fazemos isso em parcerias com outras empresas, para mostrar como nossos materiais são versáteis e podem ser utilizados em outros objetos?, diz Biver. ?Neste ano lançaremos uma coleção de facas feitas de cerâmica.?

 

 

Clubes da hora

 

Para reforçar sua alma esportiva, a Hublot é patrocinadora de muitos eventos que envolvem disputas. Em 2010 fechou um contrato de exclusividade para cronometrar todos os jogos da Fifa e que vai até o fim da Copa de 2014, no Brasil. Por essa razão, a grife suíça  tornou-se a primeira marca de relógios a ser estampada nos placares das partidas da federação internacional. 

 

9.jpg

Jean-Claude Biver, CEO da Hublot, com o presidente da Fifa, Joseph Blatter,

na apresentação da parceria entre a grife e a entidade, para a Copa de 2010

 

Paralelamente, a marca associou-se aos clubes de futebol Manchester United, na Inglaterra, e Flamengo, no Brasil. Os esportes de inverno, vela e de alta performance, como o campeonato mundial de Fórmula 1, também fazem parte do cardápio de ações esportivas da Hublot. 

 

10.jpg

 

Além de ter um modelo específico com o nome da principal prova de automobilismo do mundo, o King Power F1 Tourbillon, a Hublot mantém uma parceria com o Monaco Yacht Club, cujo presidente é o príncipe Albert II, de Mônaco, e patrocina campeonatos de polo, golfe e esqui ao redor do globo.

 

 

10b.jpg

 

 

 

> Siga a DINHEIRO no Twitter