Todo ano mais de 17 milhões de pessoas visitam a cidade de Orlando, na Flórida, em busca do mundo encantado imaginado por Walt Disney na década de 1950. Faça calor ou frio, o parque temático parece desconhecer a palavra “vazio”. São milhares e milhares de crianças – inclusive as que já cresceram e tiveram filhos – que fazem fila para tirar fotos com personagens presentes no imaginário infantil nos quatro cantos do planeta. Mas nem só da turma de Mickey, Pato Donald, Pateta e Cinderela vive a Disney. A empresa comandada pelo chefão Bob Iger, um colosso que fatura cerca de US$ 50 bilhões por ano, também investe pesado na fantasia dos multimilionários que frequentam seus parques. Inclusive dos brasileiros. 

 

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Requinte: as menores mansões (foto) têm, em média, 460 m2 e cinco suítes. Já as maiores

chegam a até mil m2 e nada menos que 25 quartos

 

E o que eles podem querer além da diversão? Luxo, muito luxo. Por um bom punhado de dólares, os súditos do reino mágico de Walt Disney podem comprar um refinado cantinho para chamar de seu pelo resto da vida, com toda a mordomia à qual estão acostumados em seus países de origem. Se não quiserem comprar, tudo bem, podem se hospedar no melhor hotel que o dinheiro pode comprar em um ambiente de diversão de massas: o Four Seasons. Em construção há quase três anos, o condomínio de alto padrão Disney Golden Oak fica em uma área de três milhões de m² de conservação ambiental a apenas seis quilômetros do mais tradicional parque da Disney, o Magic Kingdom. 

 

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Vista dos sonhos: o local está a seis quilômetros do parque

mais tradicional da companhia, o Magic Kingdom

 

As menores mansões têm, em média, 460 m², com cinco suítes. O preço para abrir a janela do quarto e avistar o Castelo da Cinderela ao fundo? A partir de R$ 3,7 milhões. Mas não se engane: os ricos também têm famílias grandes e muitos amigos para convidar. “Já existem residências de até 25 quartos com mais de mil m² de área”, diz Page Pierce, vice-presidente da Disney Golden Oak. O condomínio está funcionando com 25% de sua capacidade total, que é de 400 residências. A ordem, ali, é fazer o comprador sentir-se especial o tempo todo. “Tratamos nossos clientes como se só houvesse eles no planeta”, afirma o executivo, que trabalha para a companhia desde 1991. 

 

Entre as mordomias estão entrada livre nos parques e serviços de concierge para reservas e carros à disposição para levá-los e buscá-los nas principais atrações. Pierce esteve em São Paulo recentemente para estudar o público brasileiro, principalmente o paulistano. Ele enxerga no País uma saída para driblar a crise do mercado imobiliário americano, que ainda passa por um processo de recuperação da tormenta de 2008. Os turistas brasileiros gastaram no Exterior mais de US$ 25 bilhões apenas em 2013 e formam o público internacional que mais visita a Disney, com 52% da fatia mundial. Depois, vêm canadenses, chineses e mexicanos. 

 

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Aposta: Page Pierce, vice-presidente do projeto, quer focar os negócios

no Brasil, de olho na valorização dos imovéis e do crescimento

do mercado de luxo no País

 

Com a monumental valorização dos imóveis nas grandes metrópoles brasileiras, muitos investidores têm preferido adquirir imóveis lá fora. Só para comparar, uma residência com os mesmos 460 m² do Disney Oak no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, vale mais de US$ 10 milhões. “Das casas já vendidas até hoje, 10% foram para brasileiros”, afirma Pierce. “Uma delas, inclusive, foi adquirida pelo cantor Zezé Di Camargo.” A estratégia adotada pela Disney de expandir seus negócios além dos parques é uma prática comum no mercado. Tem até nome, diz Roberto Miranda, especialista em hotelaria de luxo. “Chama-se extensão de marca. 

 

Várias empresas apostam nessa empreitada”, afirma. E que tipo de consumidor Mr. Mickey quer levar para Orlando? Pierce está atrás de empresários ou CEOs endinheirados, que têm uma ou duas residências e procuram uma casa de férias. Esse cliente ideal está prestes a se tornar avô (ou já é) e foi diversas vezes à Disney. Um dos moradores, o americano Sam Bergami, do Estado de Connecticut, por exemplo, já havia ido mais de 300 vezes à Disney desde 1976. Hoje, reside no Golden Oak. “As pessoas se cansam de ficar em hotel, de trazer roupas e alugar carro toda vez”, diz Pierce. “Aqui, elas podem ter o armário e o carro na Flórida, com o adicional de ter um serviço e uma localização de excelência.”

 

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Nada de Mickey ou Pato Donald: Garanta a melhor estadia de luxo na Disney desembolsando US$ 3,5 milhões na compra

de uma das residências (abaixo) ou até US$ 12 mil por uma diária nas suítes mais refinadas do Four Seasons Orlando

 

O complexo também tem seu lado hoteleiro, administrado pela rede canadense Four Seasons, especializada em hospedagem de alto padrão. O hotel tem 444 suítes, tamanho considerado grande para a empresa, embora seja o menor dos hotéis localizados nos arredores da Disney, que funcionam com mil quartos ou mais. “Somos quase um hotel-butique perto dos outros”, afirma Thomas Steinhauer, gerente-geral do Four Seasons Disney, com diárias que vão até US$ 12 mil nas melhores suítes do empreendimento. A proposta do hotel, que deve ficar pronto em agosto, é fugir da overdose visual de Mickey e Minnie, característica comum aos hotéis da região. 

 

Ele tem até uma piscina exclusiva para adultos. O campo de golfe, os restaurantes de alta gastronomia e o spa do local são outras opções de lazer para os grandinhos. “Nosso hóspede estará a metros da Disney, com acesso ao parque, mas vai se sentir como se estivesse longe”, diz Steinhauer. A parceria com o Four Seasons só traz benefícios aos residentes do condomínio, aposta Pierce. “Essa rede tem um DNA de luxo incontestável. Como os moradores do Golden Oak podem usufruir dos espaços comuns do hotel, como os restaurantes e o spa, isso aumenta ainda mais o nosso nível de requinte.”