O CEO da Neflix, Reed Hastings, comemorou um feito notável de sua empresa de filmes online, no começo de agosto deste ano. A Netflix havia ultrapassado a HBO em receitas de assinantes. “Eles ainda detonam a gente em lucros e Emmys, mas estamos progredindo”, disse o empresário pelo Facebook. Com toneladas de razões para ficar de olho um no outro, Netfllix e HBO, no entanto, têm agora um inimigo em comum para combater. Trate-se do Popcorn Time, uma plataforma online pirata. Desenvolvido em maio deste ano por um argentino que se identifica como Sebastian, o Popcorn Time transformou-se no maior pesadelo de Hastings e de sua concorrente, controlada pela Time Warner.

Sua página na Facebook tem 50 mil fãs e o número de internautas está na casa dos milhões. Estima-se que até 500 mil pessoas o acessam diariamente, sem pagar um centavo em direitos autorais. “Sebastian não tinha intenção de criar algo tão grande”, afirma Ernesto Van Der Sar, criador do site Torrent Freak, especializado no assunto, e o único a entrevistar Sebastian. “Assim que o programa ganhou repercussão, ele o tirou do ar.” O sumiço do Popcorn Time, no entanto, não durou muito tempo. Outros programadores trataram de reavivar a plataforma, usando o código criado por Sebastian. Hoje, o Popcorn Time pode ser usado ilegalmente em tevês inteligentes, smartphones, tablets e até no transmissor Chromecast, do Google.

As autoridades de diversos países tentam tirar a plataforma do ar, mas os hackers sempre a ressuscitam. A história mostra que brigar na Justiça nem sempre é o melhor caminho. Qual é a solução? “É preciso inovar”, diz Jose Rivera Font, vice-presidente e responsável pela plataforma de streaming Crackle na América Latina, da japonesa Sony, que conta com um modelo de publicidade. Esse é, geralmente, um dos reflexos que a pirataria causa sobre o mercado. “Basta lembrar o que o Napster fez pela música”, diz Van Der Sar. “No começo dos anos 2000, existiam alguns tocadores de MP3, mas você não podia comprar MP3. Até Shawn Fanning (criador do Napster) aparecer.”