10/01/2007 - 8:00
Vantagem O ganho estará na diferença entre a tarifa de administração cobrada e o custo ao operar no Tesouro Direto
Desde que foi concebido, em 2002, o Tesouro Direto carrega a promessa de democratizar o investimento em renda fixa no Brasil. Através do sistema de negociação de títulos do governo pela internet, quem tem R$ 200 para aplicar consegue obter a mesma taxa de rendimento de uma pessoa com R$ 200 mil disponíveis para a mesma operação. Lá estão os mesmos papéis que compõem as carteiras dos fundos de renda fixa. Mas o que parecia ser uma alternativa eficiente às altas taxas de administração cobradas pelos fundos DIs oferecidos no varejo acabou revelando-se, em alguns casos, uma falsa promessa. Há corretoras, especialmente aquelas ligadas a grandes bancos privados, que estão exigindo tarifas salgadas para liquidar a operação, sua única função. ?O Tesouro Direto provou, na prática, ser forte concorrente para esses fundos?, constata Rafael Paschoarelli, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP.
Para encontrar taxas atrativas, é preciso vasculhar. DINHEIRO mostra, aqui, quais as tarifas praticadas pelas principais instituições habilitadas a intermediar as operações do Tesouro Direto (confira tabela). Ao comprar títulos do governo pela internet, o investidor terá, além do imposto de renda, basicamente outros dois custos: a taxa da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), de 0,4% ao ano sobre o valor aplicado, igual para todos, e o preço cobrado pelo banco ou corretora selecionada. O ganho do investidor estará na diferença entre a taxa de administração cobrada pelo banco ? que nos fundos de varejo pode chegar a 5% ao ano ? e o custo ao operar no Tesouro Direto. Para os especialistas, o ideal é que ele não ultrapasse 1% ao ano, valor médio da taxa de administração de fundos conservadores que exigem aportes iniciais volumosos, acima de R$ 100 mil.
Dentre as alternativas disponíveis no mercado, a mais atraente é, sem dúvida, a corretora Socopa, que optou por não cobrar pelo serviço. Lá, o Tesouro Direto é considerado uma atividade complementar ao negócio principal da corretora ? a compra e venda de ações. ?Nossos clientes usam o Tesouro como margem de garantia para as operações em bolsa?, explica Marcos Monteiro, diretor da Socopa. Ele lembra, no entanto, que o serviço está aberto a todos. ?O investidor do Tesouro Direto que algum dia vier a se interessar pela renda variável provavelmente nos dará preferência?, diz.
Além das tarifas cobradas pelas corretoras, o investidor precisa estar atento a outros fatores se quiser maximizar seu ganho no Tesouro Direto. É importante, por exemplo, escolher um título público com prazo de vencimento compatível com o momento que deseja usar o dinheiro. Não vale a pena ficar menos de um ano com a aplicação, pois as taxas anuais de custódia da CBLC e de liquidação da corretora são cobradas na frente, no ato da compra. Carla Barreto, gerente executiva da diretoria de varejo do Banco do Brasil, alerta também para os riscos envolvidos na aquisição de papéis prefixados, como as campeãs de venda LTNs. ?Quem compra um título prefixado aposta que o valor que receberá ao fim do prazo será maior que a Selic?, explica Carla. ?Mesmo com a tendência de queda da taxa de juro, é preciso estar atento a qualquer solavanco no mercado ou até mesmo a uma mudança na trajetória da Selic. Assim, poderá decidir a tempo se fica ou não com os papéis.?