‘Como está a sua Agenda ESG?’. De tão pertinente e recorrente que se tornou em qualquer roda de conversa de negócios, a pergunta foi usada como título de pesquisa realizada pelo Pacto Global da ONU no Brasil em parceria com a Stilingue, plataforma de monitoramento digital com inteligência artificial, e com a consultoria Falconi.

Os resultados evidenciam o que o senso comum já imaginava: apesar de o tema estar no discurso de grande parte das companhias no Brasil, há fortes indícios de que falta aterrisá-lo para a prática.

De acordo com o estudo, 78,4% das 190 empresas respondentes afirmaram que já incluíram o ESG nas estratégias de negócios, mas somente 59,5% disseram alocar recursos para ações da área. Em outras palavras, de quatro empresas que falam que o assunto é parte do negócio, somente três estão colocando a mão no bolso para fazer algo efetivo.

Vale a pergunta: há alguma área de fato importante para o C-level que não tenha verba alocada? A pergunta é retórica e a conclusão é que mesmo quando respondem um questionário para a ONU as empresas fazem greenwashing descaradamente. Para quem ainda não está convencido, outra evidência aparece no mesmo documento. E aqui vale outra pergunta para testarmos a acurácia do senso comum: qual é o principal motivo pelo qual as marcas investem em ESG? Se você respondeu por imagem, reputação, marketing ou qualquer coisa do gênero… voilà, você acertou.

Para se ter uma ideia, enquanto essa foi a resposta para 70%, a otimização de recursos, que aparece em segundo, ficou com 35% das afirmações. É preciso evoluir do bom discurso para boas práticas ou parar de enganação e simplesmente colocar a agenda de lado.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1314 da Revista Dinheiro)