O empresário paulista Cesar Bergamini, presidente da fabricante de sorvetes Jundiá, de Jundiaí (SP), tinha planos de expandir suas vendas por meio de uma rede de franquias. Mas, como não sabia exatamente como proceder, procurou a Associação Brasileira de Franchising (ABF) em busca de orientação, em 2011. Lá, ele conheceu o empresário José Carlos Semenzato, 44 anos, diretor-financeiro da entidade e ex-dono da rede de ensino de informática Microlins. Apenas duas reuniões foram suficientes para convencer Bergamini a virar sócio de Semenzato na Casa do Sorvete, franquia que vende os produtos da Jundiá. “Ele é ousado e rápido”, diz Bergamini. 

 

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Palanque: Semenzato é conhecido no setor de franquias por ser rápido

e ousado. E está sempre atrás de um novo negócio

 

Em 2012, os dois abriram 71 franquias da marca. Neste ano, a meta é dobrar o número de pontos comerciais. Essa velocidade na hora de fazer negócios é uma das características de Semenzato. Apenas um mês após vender a Microlins para o grupo Multi, dono da rede de escolas de idiomas Wizard, por estimados R$ 100 milhões, em 2010, o empresário criou a SMZTO Participações, holding que investe em empresas de franchising. Em pouco mais de dois anos, Semenzato tornou-se sócio de 11 marcas, que movimentaram R$ 172 milhões em 2012. Hoje, a SMZTO conta com 682 franquias, 140% a mais do que em 2011, o que já a coloca entre as 20 maiores do setor, segundo o ranking da ABF. 

 

Em 2013, a meta é chegar a quase 1,3 mil unidades, que devem render R$ 250 milhões. “Só se ganha dinheiro no franchising com uma rede de mais de 100 unidades”, afirma Semenzato. E assim, como um mercador ambulante, Semenzato vem colecionando franquias. Neste curto período de tempo, ele ficou sócio do restaurante Yakisoba Factory, da lanchonete Mixirica, da empresa de reformas domésticas Pra Que Marido, da companhia de sistemas de segurança Protezione, da loja Multicanalidade e do Instituto Embelleze – neste último, ele detém participação desde 2003, antes, portanto, de criar a SMZTO. Em todos os negócios, ele só investe se for majoritário. Mas, ao fechar o acordo, ele não tira os seus parceiros da jogada. 

 

“Preciso ter quem entenda do negócio junto para dar certo”, diz Semenzato. Sua holding dá apoio na parte financeira e no estabelecimento das estratégias de desenvolvimento e de vendas. “Não desenvolvo apenas um plano de franquia”, afirma o empresário. As principais apostas de Semenzato para 2013 são o restaurante francês L’Entrecôte de Paris e a Casa X, um bufê infantil em sociedade com a rainha dos baixinhos, Xuxa Meneghel, que também é minoritária na empreitada. A Entrecôte, rede de seis restaurantes, cujo cardápio é composto de um único prato (um bife de contrafilé servido com fritas e molho especial), chegará aos Estados Unidos. 

 

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Beijinho, beijinho: Semenzato e Xuxa Meneghel assinam contrato para criar um bufê infantil

com a grife da rainha dos baixinhos

 

O plano é abrir dez unidades por lá, sendo a primeira em Miami ainda neste ano. Nessa empreitada, cujo investimento é de US$ 10 milhões, ele tem como sócios o empresário pernambucano Edson Viana Moura, filho do fundador da Baterias Moura; José Eduardo Matarazzo Kalil, neto do conde Francisco Matarazzo II; e Alcides dos Santos Diniz Filho, neto do fundador do Pão de Açúcar, Valentim dos Santos Diniz. Além deles, investem nesse negócio os empresários Ricardo de Giacomo Ribeiro e Dedier Soares de Freitas, do setor de produtos médicos, e Sérgio Waib, da área de comunicação e entretenimento. Com Xuxa, Semenzato tem uma relação de longa data, desde que o Instituto Embelleze patrocinava um quadro do programa da rainha dos baixinhos, há dez anos. 

 

O empresário também havia montado uma unidade da Microlins na Fundação Xuxa Meneghel. “Quando levei a ideia da casa de festa, ela me disse que era o sonho dela ter algo assim”, afirma o empresário. Segundo ele, Xuxa participa de todos os detalhes do projeto. No ano passado, quatro franquias já foram vendidas. Neste ano, o plano é fechar com 28 unidades. “O Semenzato tem capacidade de identificar as oportunidades, além de ser um bom contador de causos”, afirma Maria Cristina Franco, presidente da ABF. Essa habilidade em contar uma boa história é uma herança de suas origens, no interior de São Paulo. Nascido em Cafelândia, a 442 quilômetros de São Paulo, e criado na vizinha Lins, o empresário começou a trabalhar aos 13 anos, vendendo os salgados que sua mãe preparava em casa. 

 

Durante o ensino médio fez um curso de técnico em processamento de dados. A partir de então, viu a oportunidade de dar aulas de computação. Em 1991, abriu a Microlins aos 21 anos. Três anos depois, já era dono de 17 unidades. Com a chegada do Plano Real e a política de juros altos do governo, Semenzato não conseguiu pagar as contas dos computadores comprados em leasing e quebrou. “A saída foi a franquia”, diz o empresário. Ele vendeu as unidades para amigos e outros empresários, passando a receber os royalties. E assim, quase que por acidente, ele passou a viver dessas receitas. Não parou até hoje.

 

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