O ano não está sendo fácil para o empresário paulista Marcelo Bae, 58 anos. Dono da maior rede de franquias de iogurtes frozen do País, a Yogoberry, Bae viu sua empresa diminuir pela metade em dois anos. “Fechamos 54 unidades e agora temos apenas 58 lojas”, diz. A Yogoberry começou em 2007, quando Bae conversou com uma prima que vivia nos Estados Unidos e decidiu investir na sobremesa da moda. “Na época, o produto era a maior sensação entre os americanos”, diz Bae, que garante não ter feito planos de expansão da rede. “As pessoas simplesmente me procuravam para franquear minha marca”, afirma.

Foi assim que a Yogo­berry chegou a 112 franquias, em 2012. A concorrência se tornou acirrada. Segundo a Associação Brasileira de Franquias (ABF), havia 79 marcas de frozen iogurte, em 2010, no País. Mesmo assim, a Yogoberry explodia, chegando a faturar R$ 50 milhões em 2011. “As lojas viviam lotadas, foi um produto que cativou o Brasil”, diz. Por muito tempo, pareceu uma ótima ideia investir numa franquia do iogurte. Foi assim que uma enxurrada de “yogos” invadiu os shoppings brasileiros – Yogoberry, Yogoothies, Yogen Fruz, Yoggi, Yoguland, Yogurberry.

Como a sobremesa estava em alta, a demanda por quiosques nos centros comerciais colocou o preço do metro quadrado para essas franquias lá em cima. “Era normal pagar o dobro ou o triplo para alugar o espaço”, diz Bae. “Quando o movimento das lojas caiu, a operação começou a se tornar inviável.” A Yogoberry, a exemplo da maioria de seus concorrentes, é monoproduto. Por isso, no momento em que o frozen saiu de moda, tentar equilibrar as receitas era como tentar enxugar gelo.

“É muito arriscado abrir redes de alimentos com um único produto e de tíquete médio baixo”, diz Luciano Deos, presidente da consultoria de marcas Gad’Lippincott. Segundo ele, não é difícil ver franquias com o mesmo modelo de negócio na rua, como é o caso das cupcakerias e brigaderias. “É um modelo que dificilmente se sustenta”, afirma Deos. O mercado acabou? Muitos apostam que não. Segundo Deos, a tendência é que o setor estabilize. “O boom aconteceu porque todo mundo queria experimentar”, diz. “Isso conferiu ao mercado números ludibriantes.”

Para recuperar receitas, a Yogoberry pretende abrir seis novas franquias no Nordeste, região onde, segundo Bae, há mais espaço para crescer. A empresa deve faturar R$ 30 milhões neste ano. No manual de sobrevivência da Yogoothies, outra rede penalizada pelo declínio do mercado, o caminho é distinto. Lá a ordem é a ampliação do mix de produtos de suas lojas, que agora vendem, além do frozen, açaí, smoothies e milk shakes. “É diversificar para não derreter”, afirma Rychard Curcovezki, dono da Yogoothies, que espera uma receita de R$ 10 milhões até dezembro.