14/06/2013 - 21:00
Pela enésima vez, o Fundo Monetário Internacional teve que vir a público assumir “erros graves” em suas políticas de austeridade, aplicadas por décadas em países em dificuldade. A vítima da vez, que mereceu um pedido de perdão, foi a Grécia, onde foram desconsiderados os efeitos nefastos sobre a população de uma política forçada de retração econômica trazida com o pacote de socorro do Fundo. O organismo – é fato – tem falhado, rotineiramente, em suas previsões e análises. E as consequências são as mais demolidoras possíveis. Assim ocorreu tempos atrás com o Japão e outras economias asiáticas, que entraram em colapso por dosagens amargas na receita do FMI.
Assim também aconteceu, em vários momentos, na América Latina e na Europa. Como um agourento a castigar nações que tropeçam, o Fundo tem pautado o mercado financeiro de maneira equivocada e irresponsável. O mesmo papel vêm exercendo as chamadas agências de análise de risco, como a Standard & Poor’s, que, na semana passada, ameaçou rebaixar a nota do Brasil no quesito bom lugar para investimentos. Há entre essas instituições um mau humor histórico para com o Brasil. E nem sempre baseado em razões concretas. A S&P, por exemplo, que é acompanhada como uma bíblia a ser seguida por muitos capitalistas, figura naquele time das agências que falharam feio ao incentivar com notas altas os lances nos EUA e ao não prever a iminência de débâcle quando a crise dos subprimes seguia em franca escalada naquela praça.
Na verdade, as apostas do mercado dificilmente estão baseadas numa ciência exata. Ao contrário, trazem embutidas expectativas cujo objetivo final é lucrar mais com o prejuízo alheio. A presidenta Dilma, na quarta-feira 12, durante cerimônia de lançamento de novo crédito ao Programa Minha Casa Minha Vida, mostrou-se especialmente irritada com o pessimismo latente e atacou os críticos, acusando-os de se comportar como o “Velho do Restelo”. A personagem do poeta português Luís de Camões, que a retratou na sua obra clássica “Os Lusíadas”, virou símbolo do pessimismo por reclamar da expansão marítima portuguesa, que depois se mostrou tremendamente vantajosa para o país. Sabe-se no mundo das finanças que o verdadeiro “Velho do Restelo” é o mercado e todos os agentes nele envolvidos – organismos multilaterais, agências de risco, investidores, analistas e economistas. Pena há de se ter de quem segue seus conselhos.