A Adidas está de volta ao jogo de basquete. E com uma aposta ousada. A empresa alemã de vestuário e calçados esportivos, que faturou € 13,34 bilhões (US$ 17,3 bilhões) em 2011, passou as últimas duas décadas à sombra da rival Nike, em termos de exposição de marca nas quadras americanas de bola ao cesto profissional, a poderosa liga NBA. Mas, agora, ela está decidida a mudar essa situação. E fez uma aposta de alto risco em uma estrela em ascensão. Trata-se de Derrick Rose, o novo craque do Chicago Bulls. Com apenas 24 anos, ele ganhou uma linha de tênis com o seu nome, o Adidas D Rose 3, uma honraria concedida para poucos – em geral, para os atletas que já chegaram ao Olimpo do esporte. Rose também receberá US$ 185 milhões da Adidas, por um contrato de 13 anos de duração. 

 

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Derrick Rose: contrato de US$ 185 milhões com a Adidas,

que fez uma linha de tênis com seu nome

 

A favor da aposta está o fato de ele ter se tornado o mais jovem atleta a ganhar o título de jogador mais valioso da temporada, em 2011. Rose é considerado o herdeiro natural do superastro Michael Jordan, que também jogou no Chicago Bulls, e é reconhecido por muitos analistas como o Pelé do basquete. Jordan, que reinou nas quadras americanas nas décadas de 1980 e 1990 e era patrocinado pela Nike, foi decisivo ao fazer a empresa fundada por Phil Knight dominante no basquete profissional dos Estados Unidos – em seu tempo, a Nike lançou o tênis Air Jordan. Um problema para a Adidas é que Rose passou as finais da última temporada contundido. 

 

Embora esteja recuperado e prometa ser uma das estrelas da temporada 2012/2103 da NBA, iniciada em 30 de outubro, ninguém pode garantir que não ocorram novos afastamentos por conta de outras lesões. Mas os riscos relacionados a atrelar uma marca a um atleta vão bastante além do desempenho no campo de jogo. É preciso que o atleta tenha carisma e, principalmente, não se envolva em situações embaraçosas. A Nike conhece bem esses reveses. Algumas de suas estrelas, como o golfista Tiger Woods e o jogador de basquete Kobe Bryant, arranharam suas imagens em escândalos sexuais. Mais recentemente, o ciclista Lance Armstrong teve seus contratos de patrocínio cancelados e os títulos anulados por conta do envolvimento num grande esquema de doping. 

 

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Lebron James: garoto-propaganda da Nike, que desenhou

para ele um tênis exclusivo e o mais caro da história

 

O desafio da Adidas, porém, não é apenas manter a sua estrela na linha fora das quadras. Dentro delas, o principal rival de Rose é LeBron James, do Miami Heat, patrocinado pela Nike. LeBron James é hoje a maior estrela da NBA, um celebrado sucessor de Jordan. Ele já foi eleito por três vezes o melhor jogador do campeonato. No passado, eliminou, enfim, um dos últimos estigmas que o marcavam – a fama de amarelar em jogos decisivos, em especial nas finais – ao vencer o torneio profissional. A empresa americana acabou de lançar o tênis de basquete mais caro do mundo com o astro do Miami Heat. A linha Nike LeBron X contará com uma versão que custará US$ 310 – o equivalente a R$ 630 –, para o tênis equipado com um chip para registrar dados como a velocidade e a altura dos saltos do usuário. 

 

A Adidas pouco se importará com esse recorde, se Derrick Rose ajudá-la a vender mais pares de tênis que a sua rival. Para os alemães, o risco da aposta em Rose é calculado. Está em jogo um nicho que traz receitas anuais de US$ 204 milhões nos Estados Unidos. A Adidas detém cerca de 10% do mercado americano de tênis de basquete, contra 44% da Nike. Mas, mais importante do que isso, é a capacidade dessa área de criar uma percepção positiva da marca para disputar um campeonato maior: o das vendas mundiais de calçados esportivos, responsáveis por parte representativa do faturamento de ambas as empresas. Na Adidas, esse segmento responde por 40% do faturamento total.

 

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